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Poupança no colchão
Assim como Dilma, ao menos 15 candidatos declaram que guardam dinheiro em casa; soma chega a R$ 3,5 mi
BRENO COSTA
DE SÃO PAULO
FILIPE COUTINHO
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, dona de R$ 113 mil em espécie,
não está sozinha ao declarar
que guarda altas quantias de
dinheiro dentro de casa.
Pelo menos 15 candidatos
a governador, vice ou a senador guardam, ao todo, R$ 3,5
milhões debaixo do colchão.
Os dados têm como fonte
as declarações de bens entregues por eles à Justiça Eleitoral. O levantamento feito pela Folha considera os números divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até
a noite de ontem.
A prática não é ilegal, mas,
na avaliação de especialistas
em finanças domésticas,
"não tem lógica", porque o
dinheiro perde valor.
O campeão da precaução,
segundo o levantamento feito pela reportagem, é Orestes
Quércia (PMDB), ex-governador de São Paulo e candidato
ao Senado. O peemedebista
declarou à Justiça Eleitoral
ter, juntamente com a sua
mulher, R$ 1,28 milhão em
espécie, dentro de casa.
Se aplicasse esse dinheiro
numa caderneta de poupança, com rendimento mensal
de 0,5%, teria, em um ano,
R$ 78,8 mil a mais.
Sua assessoria informou
que parte do dinheiro refere-se a "lucros recebidos de
suas empresas", que foram
investidos na compra de dólares, em 2002, e que vem
sendo declarado no Imposto
de Renda desde então.
Seu companheiro de chapa ao Senado em São Paulo,
Aloysio Nunes Ferreira
(PSDB), também está na lista
dos que mantêm maços de
notas dentro de casa: são R$
50 mil em poder do tucano,
conforme declaração oficial.
Vice na chapa de Paulo
Souto (DEM) ao governo
baiano, Nilo Coelho (PSDB) é
outro que dispensa a rentabilidade de uma caderneta de
poupança. O baiano tem R$
912,6 mil em casa. Sua assessoria não respondeu aos telefonemas da reportagem.
Ameaçado pela Lei da Ficha Limpa, o candidato ao
governo do Distrito Federal
Joaquim Roriz (PSC) guarda
R$ 160 mil em dinheiro vivo.
O montante representa 14%
do patrimônio declarado por
Roriz à Justiça Eleitoral, que
totaliza R$ 1,1 milhão.
O dinheiro em espécie
guardado por Roriz é quase
cinco vezes maior que o mantido em contas bancárias,
ações e na poupança, segundo sua declaração ao TRE.
"O Roriz faz muito pagamento em fazenda, que exige
dinheiro em espécie", afirmou sua assessoria.
Seu vice, Jofran Frejat
(PR), também tem o costume
de guardar dinheiro vivo.
Frejat declarou ter R$ 250 mil
em dinheiro em espécie. Em
2006, ele tinha R$ 1,3 milhão.
"Eu já perdi dinheiro em
banco que faliu e no Plano
Collor. Esse dinheiro é fruto
da minha renda como médico e deputado. Você nunca
sabe quando precisa de dinheiro numa emergência",
disse Jofran Frejat.
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