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Propina em Dourados vinha de convênio
Mensalão da prefeitura era abastecido por contrato com entidade beneficente que gerenciava 2 hospitais públicos
Ministério Público diz que prefeito repassava dinheiro a vereadores; acusados negam ligação com irregularidades
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
Um convênio entre a Prefeitura de Dourados (MS) e a
entidade beneficente que gerenciava dois hospitais públicos na cidade era uma das
principais fontes da propina
paga mensalmente a vereadores pela administração,
diz o Ministério Público.
O contrato, de R$ 3 milhões mensais, foi fechado
em março de 2009 com a
ABD (Associação Beneficente Douradense), mantenedora do Hospital Evangélico.
De acordo com o promotor
Paulo César Zeni, que chefia
as investigações, notas frias
eram usadas para cobrir uma
devolução mensal de R$ 50
mil nos valores repassados à
entidade para a administração dos hospitais de urgência
e emergência e da mulher.
O dinheiro era repassado
pelo prefeito Ari Artuzi
(PDT), preso sob acusação de
chefiar o esquema, ao vereador Sidlei Alves (DEM), presidente da Câmara, que, diz a
Promotoria, era o encarregado de dividir e distribuir o dinheiro entre os vereadores.
Alves também está preso.
"Identificamos pagamentos
mensais a pelo menos sete
vereadores", diz o promotor.
Segundo o promotor, Artuzi pagava pelo apoio dos vereadores a projetos de seu interesse e também para "abafar" uma CPI aberta para
apurar irregularidades na
saúde: "O objetivo era, basicamente, conseguir apoio".
A PF registra quatro diálogos gravados pelo secretário
de governo Eleandro Passaia, responsável pelas denúncias, que citam o acerto
envolvendo o contrato com a
ABD e o Hospital Evangélico.
As investigações apontam
que os vereadores também
lucravam com um esquema
de desvio de verbas do duodécimo da Câmara.
OUTRO LADO
O prefeito Ari Artuzi (PDT)
"nega veementemente" ter
participado do suposto esquema de fraudes desmontado na última semana.
Segundo seu advogado,
Carlos Marques, o prefeito
"nunca pegou um dinheiro
sequer dos cofres do município". Marques diz que prepara um pedido de habeas corpus para seu cliente, por considerar que "faltam motivos"
para que ele fique na prisão.
Sobre as suspeitas da existência de um mensalão, o advogado disse que Artuzi atribui "eventuais crimes" ao secretário Eleandro Passaia,
que fez as denúncias à PF.
Passaia disse que procurou a PF tão logo soube do suposto esquema e que agiu
sob orientação policial.
João Arnar Ribeiro, advogado do vereador Sidlei Alves, disse que seu cliente nega envolvimento no suposto
esquema e que está "surpreso e chocado" com a prisão.
A direção do Hospital
Evangélico disse que o contrato firmado com a prefeitura é "público e notório". Uma
posição oficial seria tomada
após uma reunião ontem.
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