São Paulo, terça-feira, 07 de setembro de 2010

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Propina em Dourados vinha de convênio

Mensalão da prefeitura era abastecido por contrato com entidade beneficente que gerenciava 2 hospitais públicos

Ministério Público diz que prefeito repassava dinheiro a vereadores; acusados negam ligação com irregularidades


RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ

Um convênio entre a Prefeitura de Dourados (MS) e a entidade beneficente que gerenciava dois hospitais públicos na cidade era uma das principais fontes da propina paga mensalmente a vereadores pela administração, diz o Ministério Público.
O contrato, de R$ 3 milhões mensais, foi fechado em março de 2009 com a ABD (Associação Beneficente Douradense), mantenedora do Hospital Evangélico.
De acordo com o promotor Paulo César Zeni, que chefia as investigações, notas frias eram usadas para cobrir uma devolução mensal de R$ 50 mil nos valores repassados à entidade para a administração dos hospitais de urgência e emergência e da mulher.
O dinheiro era repassado pelo prefeito Ari Artuzi (PDT), preso sob acusação de chefiar o esquema, ao vereador Sidlei Alves (DEM), presidente da Câmara, que, diz a Promotoria, era o encarregado de dividir e distribuir o dinheiro entre os vereadores.
Alves também está preso. "Identificamos pagamentos mensais a pelo menos sete vereadores", diz o promotor.
Segundo o promotor, Artuzi pagava pelo apoio dos vereadores a projetos de seu interesse e também para "abafar" uma CPI aberta para apurar irregularidades na saúde: "O objetivo era, basicamente, conseguir apoio".
A PF registra quatro diálogos gravados pelo secretário de governo Eleandro Passaia, responsável pelas denúncias, que citam o acerto envolvendo o contrato com a ABD e o Hospital Evangélico.
As investigações apontam que os vereadores também lucravam com um esquema de desvio de verbas do duodécimo da Câmara.

OUTRO LADO
O prefeito Ari Artuzi (PDT) "nega veementemente" ter participado do suposto esquema de fraudes desmontado na última semana.
Segundo seu advogado, Carlos Marques, o prefeito "nunca pegou um dinheiro sequer dos cofres do município". Marques diz que prepara um pedido de habeas corpus para seu cliente, por considerar que "faltam motivos" para que ele fique na prisão.
Sobre as suspeitas da existência de um mensalão, o advogado disse que Artuzi atribui "eventuais crimes" ao secretário Eleandro Passaia, que fez as denúncias à PF.
Passaia disse que procurou a PF tão logo soube do suposto esquema e que agiu sob orientação policial.
João Arnar Ribeiro, advogado do vereador Sidlei Alves, disse que seu cliente nega envolvimento no suposto esquema e que está "surpreso e chocado" com a prisão.
A direção do Hospital Evangélico disse que o contrato firmado com a prefeitura é "público e notório". Uma posição oficial seria tomada após uma reunião ontem.


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