|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Registro em cartório e relações familiares derrubam versão do PT sobre contador
Documentos provam que falso procurador da filha de Serra é filiado ao partido até hoje
Família da irmã de
Atella é militante
histórica e fundadora
do diretório do PT em
Mauá, na década de 80
FLÁVIO FERREIRA
SILVIO NAVARRO
DE SÃO PAULO
Registros nos cartórios
eleitorais de Mauá e Ribeirão
Pires (Grande São Paulo) e relações familiares derrubam a
versão do PT de que o contador Antonio Carlos Atella
Ferreira, responsável pela
violação do sigilo fiscal de
Veronica Serra com uma procuração falsa, não tem ligação com o partido.
Os documentos nos cartórios desmentem a versão de
que a filiação de Atella não
foi efetivada por erro de grafia do nome dele, como a Folha.com revelou ontem.
No final de semana, o PT
argumentou que a filiação de
Atella não havia se consumado pois o registro havia sido feito com a grafia do nome errada -constava "Atelka" e não Atella, segundo o
partido.
No entanto o banco de dados da 217ª Zona Eleitoral,
em Mauá, indica que Atella é
filiado ao PT desde 20 de outubro de 2003. Para a Justiça
Eleitoral, nunca houve pedido formal de desfiliação da
sigla. O tribunal informou
que os partidos atualizam as
listas de filiados duas vezes
por ano.
Em 10 de abril de 2006,
ocorreu mudança do domicílio eleitoral do contador para
Ribeirão Pires. Ou seja, para
a Justiça, Atella passou a ter
filiação partidária em Mauá e
domicílio eleitoral em Ribeirão Pires.
Isso levou o sistema eletrônico do TRE paulista, em
novembro de 2009, a excluir
o nome dele do banco de dados. O sigilo de Veronica, filha do candidato do PSDB à
Presidência, José Serra, foi
violado dois meses antes.
O fato de o nome de Atella
ter sido excluído do banco de
dados não significa que ele
tenha sido desfiliado. O cartório da 183ª Zona Eleitoral
emitiu uma certidão na qual
declara que "não há pedido
de desfiliação do eleitor acima mencionado (Atella) nos
arquivos desta unidade eleitoral".
Atella negou filiação partidária no primeiro momento.
Mas, após o TRE-SP confirmar o vínculo, disse que
"não se lembra" da filiação.
Tão logo a filiação foi divulgada, o presidente do PT,
José Eduardo Dutra, se
apressou em negar o vínculo
dele com a sigla.
FAMÍLIA
A família de Atella é militante histórica e fundadora
do diretório do PT de Mauá
na década de 80.
Neuza Maria Ferreira Jaloretto, sua irmã, é filiada ao PT
desde 21 de maio de 1981. A
inscrição dela foi feita na 217ª
Zona Eleitoral, a mesma em
que Atella deu entrada na
sua filiação.
Servidora da área da saúde
da Prefeitura de Mauá, ela é
casada com o oficial de Justiça João Primo Jaloretto, fundador do PT na cidade.
Segundo o presidente do
PT paulista, Edinho Silva, Jaloretto é militante histórico.
O ingresso no PT ocorreu a
partir de associações de bairro nos anos 80.
"Ele [João Primo] foi fundador do PT de Mauá, é militante do PT", disse.
A família Jaloretto é dona
de um imóvel alugado para
as atividades políticas do deputado estadual Donisete
Braga (PT). O aluguel, no valor de R$ 1.340 mensais, é pago a Durvalino Jaloretto com
a verba do gabinete de Braga
na Assembleia Legislativa.
Integrante do grupo político do prefeito Oswaldo Dias
(PT), Braga é uma das lideranças do partido no ABC.
Ele enfrentou processo
-arquivado em 2006- por
envolvimento no assassinato
do prefeito Celso Daniel (PT).
A quebra do sigilo telefônico de Braga, que nega envolvimento no crime, revelou
que ele estava próximo ao local do cativeiro de Daniel um
dia antes da sua morte.
A família de Atella em
Mauá é ligada à do prefeito
Oswaldo Dias. As filhas de
ambos, Letícia Dias e Juliana
Jaloretto, estudaram juntas.
Hoje, o filho de Dias, Leandro, preside o diretório municipal do partido após seu grupo derrotar o do ex-vice-prefeito Márcio Chaves.
A Folha identificou mais
dois familiares petistas em
Mauá: Maria do Carmo Jaloretto, filiada desde abril de
1981, e Anna Clélia Jaloretto,
desde 1988.
Colaborou RANIER BRAGON, de Brasília
Texto Anterior: Propina em Dourados vinha de convênio
Próximo Texto: Outro lado: PT-SP minimiza vínculo partidário de falso procurador Índice
|