São Paulo, terça-feira, 07 de setembro de 2010

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Veronica teve dados acessados duas vezes

Além da violação ocorrida em Santo André, servidora da agência de Mauá também consultou suas informações

Eduardo Jorge, Ricardo Sérgio e Luiz Carlos Mendonça de Barros também tiveram dados acessados em Mauá


SILVIO NAVARRO
CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO

Os dados fiscais de Veronica Serra, filha do candidato do PSDB à Presidência, foram acessados duas vezes, em dois diferentes endereços da Receita de São Paulo.
Além da quebra de sigilo registrada em Santo André, documentos da Corregedoria da Receita revelam que os dados foram acessados também na agência de Mauá.
Segundo documento da Corregedoria da Receita, o sigilo fiscal de Veronica foi acessado às 8h52mi20s do dia 8 de outubro de 2009 com a senha da servidora Addeilda Ferreira Leão dos Santos. Segundo o registro, o acesso durou 22 segundos.
O sigilo de Veronica já tinha sido violado em 30 de setembro na agência da Receita de Santo André. O técnico em contabilidade Antônio Carlos Atella Ferreira (então filiado ao PT) apresentou uma procuração falsa para obter na Receita os dados sigilosos da filha do candidato tucano.
Com o documento falso em mãos, a servidora Lúcia Milan coletou as declarações de Imposto de Renda de Veronica sobre os exercícios de 2007 a 2009 e repassou-as a Ferreira no mesmo dia.

VIOLAÇÕES
Mais cinco pessoas, quatro delas ligadas ao PSDB, tiveram o sigilo acessado em 8 de outubro em Mauá. Segundo a Receita, os dados do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros e de Gregorio Preciado, casado com uma prima de Serra, foram acessados três minutos antes.
No caso de Mendonça de Barros, a busca durou três segundos (das 8h49min19s a 8h49min24s). No de Preciado, sete segundos. Diretor do Banco do Brasil no governo FHC, Ricardo Sérgio Oliveira teve os dados acessados das 8h49min42 às 8h49min55s.
O acesso aos dados de Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB, consumiu quase uma hora: das 9h33min25s às 10h22min34s.
Além deles, a senha da servidora foi usada no mesmo dia para acesso aos dados de Ronaldo de Souza.
Agora, a Receita vai confrontar os documentos apresentados para justificar as consultas. A intenção é verificar "quais acessos estão claramente revestidos de motivação em serviço".
Ontem o presidente do PT, Jose Eduardo Dutra, anunciou que pedirá à Polícia Federal que investigue a participação do jornalista Amau-ry Ribeiro Jr. no vazamento.
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, acusou o PT de "desviar a atenção da imprensa e da opinião pública", o que indica que as ações no âmbito da Receita têm "motivações políticas".
Apesar da repercussão do caso, petistas se dizem tranquilizados por pesquisas internas segundo as quais o noticiário teria produzido pouco impacto na candidatura de Dilma. Além da aridez do caso, os eleitores se interessam em saber por que essas pessoas têm algo a esconder.


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