São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2010

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ANÁLISE

Potencial fez do programa alvo de loteamento de cargos

EDUARDO SCOLESE
EDITOR-ASSISTENTE DE PODER

Para quem sempre viveu no escuro, o programa Luz para Todos mexe com o cotidiano das famílias do campo no interior do país.
O beneficiário passa a assistir à TV, bebe água gelada, deixa de lado o gerador, puxa água do poço artesiano e troca a fumaça do candeeiro por uma lâmpada na sala.
Justamente por conta desse potencial, o programa passou a ser usado como propaganda. Ganhou selo do PAC e virou vitrine do governo.
Nessa estratégia, Lula abraçou como 100% dele um programa todo bancado por Estados, distribuidoras e consumidores. É da conta de luz que sai cerca de 70% dos custos do programa.
O alcance do Luz para Todos também entrou na esfera eleitoral. Lula passou a apresentar Dilma Rousseff como a "mãe" do programa.
O Luz para Todos foi criado em 2003, quando Dilma era ministra de Minas e Energia. Mas foi inspirado em antigos documentos do PT e no Luz no Campo, lançado em 2000 por FHC e que previa a universalização do acesso à luz elétrica até 2015.
Abraçado em Brasília pelo marketing do Planalto, o programa nos Estados foi entregue de bandeja a aliados.
Em MG, um aliado de Hélio Costa (PMDB) foi colocado na coordenação regional. Este nomeou antigos assessores, ex-prefeitos, ex-vereadores, ex-deputados e familiares de amigos para tocar o programa. No MA, Edison Lobão (PMDB) distribuía informativos no qual era apontado como o responsável pelo "fim do uso da lamparina".
O uso político e o loteamento, somados à insuficiência de material e de mão de obra, além do alto custo das ligações, ajudam a explicar o não cumprimento da meta prometida por Lula e a ausência hoje de fios, tomadas e lâmpadas na casa de milhares de brasileiros.


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