|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
TSE fracassa ao tentar barrar doação oculta
Nova regra não impediu que R$ 179 milhões chegassem às campanhas sem a identificação exata dos doadores
O valor repassado de forma oculta nesta campanha representou 22% de todas as verbas doadas para os eleitos
DE SÃO PAULO
A tentativa do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de inibir a prática das chamadas
doações ocultas nas eleições
deste ano fracassou.
Levantamento feito pela
Folha sobre as prestações de
contas de todos os 567 congressistas eleitos revela que
não é possível saber a origem
exata de R$ 179 milhões dos
R$ 801 milhões que abasteceram as campanhas.
Isso aconteceu porque,
em vez de serem destinados
diretamente aos candidatos,
os recursos foram doados
aos partidos políticos, que os
repassaram.
Com isso, na prestação de
contas do candidato são os
diretórios partidários que
aparecem como responsáveis pela doação -e não as
empresas que efetivamente
fizeram as contribuições.
Apesar de não ser ilegal, a
manobra permite que empresas doem a candidatos
sem ter o nome associado diretamente a eles.
Em março, o TSE determinou, por meio de uma resolução, que os diretórios deveriam identificar "origem e
destino" das doações.
Porém, uma brecha permitiu a manutenção da prática: a resolução não exige que
essa prestação de contas faça a ligação individual doador-candidato.
Em outras palavras, a regra dá margem para que os
partidos mantenham a prática de apenas listar os doadores e, em outra parte, os dos
candidatos beneficiados,
sem ligar uma ponta à outra.
A única alteração feita pelo TSE foi a antecipação da
divulgação das prestações
dos partidos, que neste ano
aconteceu simultaneamente
à divulgação das prestações
dos candidatos -antes, era
no ano seguinte.
O valor doado de forma
oculta representou 22% do
total de doações dos eleitos
para o Congresso. Ao todo,
360 eleitos receberam algum
tipo de doação oculta.
Um caso emblemático é o
de Maurício Trindade (PR-BA), eleito deputado. Dos R$
651,2 mil declarados ao TSE,
R$ 650 mil foram repassados
a ele por seu partido.
Coordenador da campanha de José Serra (PSDB), o
senador Sérgio Guerra, eleito
deputado federal, recebeu
R$ 2,7 milhões do partido, do
qual é o atual presidente.
No Senado, o destaque é
Edison Lobão (PMDB-MA),
reeleito para a Casa. Para sua
campanha, R$ 4,1 milhões
(75,4% do total) vieram do
caixa do PMDB.
Em valores absolutos, o
novo senador de quem o eleitor terá menos informações
sobre quem o financiou será
Lindberg Farias (PT).
Ex-prefeito de Nova Iguaçu e dono da campanha mais
cara do novo Congresso (R$
14 milhões arrecadados),
Lindberg recebeu R$ 10,3 milhões por meio do PT.
(BC E SN)
Texto Anterior: Construtoras ajudam a eleger 54% dos novos congressistas Próximo Texto: Janio de Freitas: A história perdida Índice | Comunicar Erros
|