São Paulo, terça-feira, 07 de dezembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

PRESIDENTE 40 A TRANSIÇÃO

Decisão sobre caças fica para gestão Dilma

Presidente eleita quer estudar melhor as três propostas antes de bater o martelo sobre a compra das aeronaves

Militares esperam que Dilma peça avaliação da Aeronáutica; decisão agora está prevista para o novo governo petista

KENNEDY ALENCAR
DE BRASÍLIA
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

A presidente eleita Dilma Rousseff adiou para o próximo governo a decisão sobre a compra dos caças para a renovação da frota da FAB (Força Aérea Brasileira).
Conforme a Folha apurou, Dilma se reuniu anteontem com o presidente Lula e ontem com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ocasião em que pediu tempo para estudar melhor a questão, já que há divergências dentro do próprio governo.
Em entrevista concedida à TV Brasil, na noite de ontem, Lula afirmou que fará o que Dilma decidir.
"É uma dívida muito grande, uma dívida de longo prazo com o Brasil. Se a Dilma disser que pode fazer naqueles termos que estavam acordados, eu farei. Mas se ela falar: "Presidente, vamos deixar eu discutir no próximo ano", eu a deixo fazer", disse o presidente Lula.
O processo de escolha foi iniciado ainda no governo Fernando Henrique (1995-2002), sob a sigla FX, mas acabou sendo suspenso e recomeçado no segundo mandato de Lula, já como FX-2.
Tudo o que a Aeronáutica não queria era um novo adiamento, por temer que Dilma, refratária a assuntos e a gastos relacionados à área militar, empurre a decisão mais uma vez com a barriga.
Um dos problemas é que Jobim prefere o caça Rafale, da francesa Dassault, enquanto o relatório da FAB, com 27 mil páginas, indicou em primeiro lugar o Gripen NG, da sueca Saab.
O outro concorrente é o americano F-18, da Boeing.
Ontem, Dilma se reuniu por quase três horas com Jobim, que será mantido no cargo, e lhe pediu documentos sobre o processo.
Conforme a Folha apurou, ele entregou o seu parecer, mas não o relatório da Aeronáutica. A expectativa de oficiais é que ela agora peça também a avaliação da FAB.
Até porque o argumento político pró-Rafale se enfraqueceu bastante após o presidente francês, Nicolas Sarkozy, se aliar aos EUA, contra o Brasil, na votação do acordo nuclear do Irã na Organização das Nações Unidas.
Na reunião com Jobim, Dilma discutiu também a reformulação em curso da área de Defesa, com a criação de uma secretaria especial para tratar de aviação civil.
O Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), que é comandado por oficiais militares, continuará a ser vinculado ao Comando da Aeronáutica.
A presidente eleita vai anunciar entre hoje e amanhã os nomes de Jobim para continuar na Defesa e do embaixador Antônio Patriota para o Ministério das Relações Exteriores.


Texto Anterior: Eleita quer fortalecer Ministério das Comunicações
Próximo Texto: Pimentel vai para o Desenvolvimento
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.