São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2010

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Tuma é operado em São Paulo e recebe coração artificial

Equipamento importado da Alemanha não substitui o coração natural, mas contribui para bombear o sangue

Aos 78 anos, senador está internado desde o dia 1º de setembro em razão de uma grave insuficiência cardíaca

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

O senador Romeu Tuma (PTB-SP) recebeu no último sábado um coração artificial importado da Alemanha. A cirurgia ocorreu no hospital Sírio-Libanês, onde ele está internado desde o dia 1º de setembro, em razão de uma grave insuficiência cardíaca.
Chamado de "Berlin Heart", em referência à companhia alemã que o fabrica, o aparelho e sua implantação custaram cerca de US$ 500 mil e foram bancados pelo convênio médico do Senado.
O equipamento não substitui o coração natural, mas trabalha ao lado dele. É um conjunto de cânulas e bombas que ajudam no bombeamento do sangue.
As cânulas são conectadas em um ou nos dois ventrículos do coração e as bombas ficam do lado de fora do órgão- mas dentro do corpo. Aos 78 anos, Tuma tem insuficiência cardíaca avançada, condição em que há enfraquecimento do músculo cardíaco e uma falha no sistema de bombeamento de sangue. Ele respira com a ajuda de aparelhos e está sedado.
Segundo o cirurgião cardíaco Fabio Jatene, que operou Tuma, ele já vinha tratando a doença com medicamentos. Chegou, inclusive, a usar um dispositivo na aorta para ajudar o bombeamento.
"Mas, apesar disso tudo, ele estava piorando. Os rins, o pulmão e outros órgãos estavam sofrendo muito. Ou se colocava isso [o coração artificial] ou ele não toleraria por muito mais tempo."
Agora, a máquina está sendo responsável por 85% do sangue que circula pelo corpo do senador. O coração verdadeiro, pelos outros 15%. Em condições de repouso, circulam pelo corpo entre cinco e seis litros de sangue.
Com um software de última geração, o aparelho tem mecanismos muito sofisticados-como verificar a circulação da pessoa e adequar a velocidade com que o sangue deva ser bombeado. Segundo a literatura médica, a sobrevida com o aparelho é de 50%. A outra metade dos pacientes morre dias ou semanas seguintes à cirurgia.
"Mesmo com tanta sofisticação, ele não é a solução de todos os problemas. Resolve a circulação do coração, mas pode ser que os outros órgãos e sistemas não consigam superar", diz Jatene.
O senador apresenta muito líquido pelo corpo. A diálise (processo que retira a água) tinha sido suspensa em razão da gravidade do seu estado de saúde, mas já foi retomada nesta semana.

OUTRAS INDICAÇÕES
Segundo o cirurgião cardíaco Jarbas Dinkhuysen, do hospital Dante Pazzanese, o coração artificial também é usado quando o paciente tem uma doença aguda e precisa de ajuda temporária até que esse e outros órgãos se recuperem. Ou em casos em que o paciente precisa de um transplante mas tem que aguardar um doador.
No Brasil, há outros casos de pacientes que receberam corações artificiais -com tecnologia inferior. Os preços dos aparelhos importados são muito altos e poucos convênios aceitam arcar com os custos. O país está testando (em bezerros) o primeiro coração artificial implantável nacional. O projeto conta com recursos da Fapesp e do CNPq e está sendo desenvolvido em parceria com o Hospital do Coração.


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