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Tuma é operado em São Paulo e recebe coração artificial
Equipamento importado da Alemanha não substitui o coração natural, mas contribui para bombear o sangue
Aos 78 anos, senador está internado desde o dia 1º de setembro em razão de uma grave insuficiência cardíaca
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
O senador Romeu Tuma
(PTB-SP) recebeu no último
sábado um coração artificial
importado da Alemanha. A
cirurgia ocorreu no hospital
Sírio-Libanês, onde ele está
internado desde o dia 1º de
setembro, em razão de uma
grave insuficiência cardíaca.
Chamado de "Berlin
Heart", em referência à companhia alemã que o fabrica, o
aparelho e sua implantação
custaram cerca de US$ 500
mil e foram bancados pelo
convênio médico do Senado.
O equipamento não substitui o coração natural, mas
trabalha ao lado dele. É um
conjunto de cânulas e bombas que ajudam no bombeamento do sangue.
As cânulas são conectadas
em um ou nos dois ventrículos do coração e as bombas ficam do lado de fora do órgão- mas dentro do corpo.
Aos 78 anos, Tuma tem insuficiência cardíaca avançada,
condição em que há enfraquecimento do músculo cardíaco e uma falha no sistema
de bombeamento de sangue.
Ele respira com a ajuda de
aparelhos e está sedado.
Segundo o cirurgião cardíaco Fabio Jatene, que operou Tuma, ele já vinha tratando a doença com medicamentos. Chegou, inclusive, a
usar um dispositivo na aorta
para ajudar o bombeamento.
"Mas, apesar disso tudo,
ele estava piorando. Os rins,
o pulmão e outros órgãos estavam sofrendo muito. Ou se
colocava isso [o coração artificial] ou ele não toleraria por
muito mais tempo."
Agora, a máquina está
sendo responsável por 85%
do sangue que circula pelo
corpo do senador. O coração
verdadeiro, pelos outros
15%. Em condições de repouso, circulam pelo corpo entre
cinco e seis litros de sangue.
Com um software de última geração, o aparelho tem
mecanismos muito sofisticados-como verificar a circulação da pessoa e adequar a
velocidade com que o sangue
deva ser bombeado. Segundo a literatura médica, a sobrevida com o aparelho é de
50%. A outra metade dos pacientes morre dias ou semanas seguintes à cirurgia.
"Mesmo com tanta sofisticação, ele não é a solução de
todos os problemas. Resolve
a circulação do coração, mas
pode ser que os outros órgãos
e sistemas não consigam superar", diz Jatene.
O senador apresenta muito líquido pelo corpo. A diálise (processo que retira a
água) tinha sido suspensa
em razão da gravidade do
seu estado de saúde, mas já
foi retomada nesta semana.
OUTRAS INDICAÇÕES
Segundo o cirurgião cardíaco Jarbas Dinkhuysen, do
hospital Dante Pazzanese, o
coração artificial também é
usado quando o paciente
tem uma doença aguda e precisa de ajuda temporária até
que esse e outros órgãos se
recuperem. Ou em casos em
que o paciente precisa de um
transplante mas tem que
aguardar um doador.
No Brasil, há outros casos
de pacientes que receberam
corações artificiais -com
tecnologia inferior. Os preços
dos aparelhos importados
são muito altos e poucos convênios aceitam arcar com os
custos. O país está testando
(em bezerros) o primeiro coração artificial implantável
nacional. O projeto conta
com recursos da Fapesp e do
CNPq e está sendo desenvolvido em parceria com o Hospital do Coração.
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