Presidente afirma que a estatal deixou de ser "caixa-preta" ao converter-se, sob seu governo, em "caixa-branca"

"A gente sabe o que acontece lá dentro e a gente decide muitas das coisas que ela vai fazer", diz petista a operários

PEDRO SOARES
ENVIADO ESPECIAL A ANGRA DOS REIS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que a Petrobras, antes "caixa-preta", tornou-se uma "caixa-branca" e uma empresa "transparente". "Nem tão assim, mas transparente", ponderou, em seguida.
Ele discursou no batismo da plataforma P-57 da estatal. O presidente fez questão de diferenciar a Petrobras do governo tucano da Petrobras do governo petista.
"A Petrobras também recuperou o sentido de empresa brasileira", afirmou.
"Teve um tempo em que a diretoria da Petrobras -não é no seu tempo, não, José Sérgio [Gabrielli, presidente da Petrobras]- achava que era o Brasil que pertencia à Petrobras, não era a Petrobras que pertencia ao Brasil."
Em seguida, o presidente afirmou: "Ao ponto de ter presidente [da República] que falava: "A Petrobras é uma caixa-preta, ninguém sabe o que acontece lá dentro". No nosso governo ela é uma caixa-branca, e transparente. Nem tão assim, mas é transparente, a gente sabe o que acontece lá dentro e a gente decide muitas das coisas que ela vai fazer".
Para uma plateia de operários da construção naval, Lula elencou as realizações da estatal em seu governo, sobretudo a decisão de implantar metas de conteúdo nacional às encomendas de plataformas e demais projetos.
Essa foi uma das primeiras e principais bandeiras da campanha petista de 2002.
"Nós estamos fazendo 65% de componente nacional. Você pode começar a pensar em 80[%], 90[%], daqui a pouco pode colocar 100[%] porque a gente faz."
Segundo a Petrobras, a P-57 teve cerca de 68% de conteúdo nacional. A conversão do casco do navio-plataforma foi feita em Cingapura, por não existir estaleiro que fizesse esse trabalho no Brasil, diz a empresa.
Para Lula, os recursos amealhados com a capitalização da Petrobras reforçaram o caixa para investimentos. "A Petrobras tem US$ 224 bilhões para investir até 2014. E não invista, para ver o que vai acontecer!", disse.

CONTINUIDADE
Lula ressaltou a retomada da construção civil, da siderurgia e de outros ramos -que, juntos, fizeram o país "recuperar" o emprego de 600 mil metalúrgicos.
Ao fim do discurso, o presidente conclamou pela continuidade de seu governo.
"Que Deus abençoe cada um de vocês, que Deus abençoe a mulher e os filhos, e que a gente possa continuar fazendo mais plataforma, mais estaleiro, mais navio, mais emprego, mais salário, mais casa, mais cultura, mais comida e mais alegria."
Ele não fez, entretanto, referência às eleições nem pediu votos à candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.


Texto Anterior: Hospital tem clientela ilustre da política
Próximo Texto: Para petista, "polícia bate em quem tem de bater"
Índice | Comunicar Erros