São Paulo, quarta-feira, 08 de dezembro de 2010

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ANÁLISE

Tio Sam deu mais crédito aos petistas que alguns brasileiros

KENNEDY ALENCAR
DE BRASÍLIA

Donna Hrinak tinha razão. Em conversa reservada em dezembro de 2002, a Folha perguntou a ela se os EUA acreditavam no discurso do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, à época em visita a Washington.
"Lula é confiável. Vai surpreender positivamente", disse a então embaixadora americana em Brasília.
Os telegramas divulgados pelo Wikileaks sobre o início do governo Lula comprovam a percepção de Hrinak: o conservadorismo político e econômico do PT nunca foi coisa para americano ver. Sempre foi verdadeiro.
Soa óbvio dizer isso oito anos depois. Mas, se lembrarmos do primeiro mandato de Lula, eram frequentes os rumores de guinada à esquerda na economia.
A promessa de respeito aos contratos, a conversão ao mercado, a moderação política que afastaria Lula de radicais brasileiros e latinos, a boa relação do operário com o caubói Bush, tudo isso era de conhecimento de americanos e brasileiros.
Para conquistar confiança, o PT dizia aos EUA o mesmo que falava no Brasil.
A vantagem do Tio Sam foi dar mais crédito às palavras petistas que setores da sociedade brasileira. Não perdeu dinheiro quem acreditou na política econômica. Tampouco passou vergonha quem duvidou que Lula cederia à tentação do terceiro mandato, como se aspirasse a líder de república de bananas.
É bem divertida a leitura precisa dos comunicados sobre a personalidade dos "Três Porquinhos" de Lula.
Aloizio Mercadante, o eterno ministro da Fazenda do PT pré-poder, "fala mais querendo convencer do que explicar". José Dirceu, que assumiria a Casa Civil, era "o que manda". Antonio Palocci Filho, ex-ministro da Fazenda e futuro chefe da Casa Civil, "o mais pragmático".


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