São Paulo, quarta-feira, 08 de dezembro de 2010

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Acusado, relator do Orçamento renuncia

Gim Argello destinou repasses de verbas a entidades fantasmas do DF e a ONG controlada por uma amiga

Senador diz que deixa o cargo para evitar "crise artificial'; governo pediu saída para não prejudicar a votação

MARIA CLARA CABRAL
DE BRASÍLIA

Acusado de irregularidades na apresentação de suas emendas, o senador Gim Argello (PTB-DF) renunciou ao cargo de relator do Orçamento-2011. Sua saída foi articulada pelo governo, que diz pretender votar o relatório final ainda neste ano.
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) vai assumir a relatoria do Orçamento do ano que vem a partir de agora.
Em carta entregue no final da tarde de ontem, Gim Argello pediu também para deixar de integrar a comissão.
"Há uma tentativa recorrente de associar esta comissão a supostas irregularidades na aplicação de verbas públicas. Como parlamentar atento aos meus deveres e obrigações, considero que meu afastamento é uma iniciativa que deve contribuir para não contaminar os bons trabalhos que aqui vêm sendo realizados em prol da sociedade", disse o senador.
"Da mesma forma evitamos que manobras políticas instalem uma crise artificial no limiar do novo governo. Desta forma espero também contribuir para votação serena e responsável da peça orçamentária", completou.

ACUSAÇÕES
O documento foi protocolado após articulações feitas pelo governo durante todo o dia de ontem. Em notas, DEM e PPS também pediram a saída do relator, que pela manhã chegou a dizer que não deixaria o posto.
Reportagem da Folha de ontem mostrou que Argello incluiu em sua relação de emendas para 2011 o repasse de R$ 250 mil a uma ONG controlada por uma amiga.
Ex-socialite em Brasília, Wilma Magalhães Soares, 48, foi condenada pela Justiça Federal por evasão de divisas na esteira do escândalo dos Anões do Orçamento, nos anos 90.
No mês passado, reportagem da revista "Veja" mostrava que Argello fez uma emenda ao Orçamento-2009, de R$ 550 mil, que teria acabado beneficiando a rádio de um de seus filhos.
Segundo reportagem no domingo, do jornal "O Estado de S. Paulo", ele destinou ainda R$ 3 milhões em emendas de sua cota, neste ano, a entidades fantasmas no Distrito Federal. Ele diz que não pode ser responsabilizado.

VOTAÇÃO
"O governo quer a votação do Orçamento e colocou isso muito claramente para o senador Gim, que realmente fez um gesto de grandeza e pediu a saída", afirmou o vice-líder do governo no Congresso, deputado Gilmar Machado (PT-MG).
"A coisa mais importante é que não haja nenhuma dúvida em relação ao Orçamento que estaremos votando e sobre os prazos que estaremos cumprindo para votar o Orçamento até o dia 22", disse.
O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) esteve na reunião da Comissão de Orçamento após a saída de Argello e disse que todos os repasses destinados pelo senador para as entidades citadas foram suspensos.

Colaborou GUSTAVO PATU, de Brasília


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