São Paulo, quinta-feira, 09 de junho de 2011

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Após 4 anos, Cesare Battisti deixa prisão

Supremo valida decisão de Lula do ano passado e nega pedido da Itália para que reconsiderasse extradição

Italiano foi libertado por volta da meia-noite; caberá ao Ministério da Justiça regularizar a sua situação no Brasil


FELIPE SELIGMAN
NÁDIA GUERLENDA CABRAL

DE BRASÍLIA

Por 6 votos a 3, o Supremo Tribunal Federal validou ontem a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de negar a extradição do italiano Cesare Battisti e determinou que ele seja solto.
Com o resultado, Battisti ficará no Brasil e caberá ao Ministério da Justiça regularizar sua situação. O alvará de soltura foi expedido por volta de 21h30 e perto da meia-noite ele foi solto, mas não quis dar entrevistas.
A maioria dos ministros entendeu que não caberia ao Supremo analisar o ato de Lula. Eles disseram que a decisão do ex-presidente é "soberana" e que, sem extradição, não existiam mais motivos para Battisti ficar preso.
O Supremo já havia decidido não acatar ao pedido da Itália para que a decisão de Lula não fosse reconhecida.
O ministro Luiz Fux, por exemplo, chegou a dizer que a Itália deveria questionar isso em tribunais internacionais, e não no Supremo.
É a quinta vez que o caso Battisti é debatido pelo STF.
O italiano fez parte do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), grupo terrorista de extrema esquerda que atuou na Itália dos anos 70. Foi condenado em seu país a prisão perpétua por participar em quatro assassinatos.
Ele sempre negou a autoria dos crimes e disse que sofreu perseguição política. O ex-ministro da Justiça brasileiro Tarso Genro concedeu a ele, no final de 2008, o status de refugiado político.
O ato foi considerado ilegal pelo STF, que em 2009 autorizou a extradição, deixando a última palavra para Lula. Dias depois, o tribunal afirmou que Lula deveria seguir o Tratado de Extradição entre Brasil e Itália.

VOTOS
Ontem, o clima entre os ministros esquentou quando Marco Aurélio Mello tentou argumentar que o debate sobre a extradição de Battisti havia se encerrado após a votação sobre o pleito da Itália e foi criticado por colegas.
Além de Joaquim Barbosa e Marco Aurélio, Fux, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto negaram o pleito da Itália e votaram pela libertação de Battisti. Gilmar Mendes, Cezar Peluso e Ellen Gracie defenderam a análise do pedido, alegando que qualquer ato da presidência está submetido ao exame do tribunal. E votaram pela revisão da decisão de Lula e a extradição.


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