São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crise fez desemprego bater recorde no Brasil em 2009

Total de pessoas à procura de trabalho aumentou 1,3 milhão, indica Pnad

Crescimento de 18,3% foi o maior da década no país, mas ainda inferior ao de outras economias, como EUA e Rússia

DO RIO

A crise econômica mundial provocou um aumento recorde no contingente de desempregados em 2009.
A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostrou um aumento de 1,3 milhão no número de pessoas à procura de trabalho, o que representa crescimento de 18,3%, o maior da década.
No total, 8,4 milhões de pessoas procuravam emprego em 2009, o que elevou a taxa de desemprego a 8,3%, o maior patamar desde 2006. Na série que exclui a área rural do Norte, usada para comparações com décadas anteriores, a taxa foi de 8,4%. O PIB teve queda de 0,2%.
O IBGE ressalta que o aumento no desemprego no Brasil foi inferior ao de outros países, como EUA e Rússia.
"Este é o retrato de uma das vertentes da crise, que afetou o Brasil com desemprego, poucas pressões inflacionárias e crescimento zero da economia", diz Ruy Quintans, professor do Ibmec-RJ.
Como a data de referência da pesquisa é o mês de setembro de 2009, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) diz que a maior procura por trabalho pode refletir não só a tentativa de recuperar renda por conta da crise, mas ainda uma aposta na recuperação após a crise.
Os jovens foram os mais afetados. Dos desempregados, 42,2% tinham de 16 a 24 anos. Na faixa de 15 a 17 anos, o desemprego chega a 23,4%. Para Cimar Pereira, gerente da pesquisa, os resultados mostram que as exigências de qualificação e experiência são uma barreira para o primeiro emprego.
A participação dos trabalhadores mais escolarizados cresce a cada ano. Em 2004, 21,5% da mão de obra tinha ensino médio completo: hoje o percentual é de 27%.
Para o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, o processo de formalização ajudou a amenizar os efeitos da crise. Mesmo em um ano de crise, o percentual de trabalhadores com carteira assinada cresceu e chegou a 59,9% na série sem a área rural da região Norte. Nesta mesma série, o percentual de contribuintes para a Previdência subiu para 54,1%.
Em ascensão desde 2005, a renda do trabalhador ainda fica abaixo do patamar observado há 14 anos. O ganho médio de R$ 1.106 medido pela Pnad indica um avanço de 2,2% em relação a 2008.
Na última década, o valor mais alto registrado foi de R$ 1.144 em 1996. Nos últimos 30 anos, a melhor remuneração do trabalhador brasileiro ocorreu em 1986: R$ 1.238.
O IBGE só passou a medir a renda do país inteiro em 2004. Na série que exclui a área rural do Norte, a renda chegou a R$ 1.111 em 2009.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Análise: É o social, companheiro!
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.