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ANÁLISE
É o social, companheiro!
MARCELO NERI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Nos últimos anos tem havido forte descolamento do
crescimento da renda da
Pnad, que pauta as pesquisas sociais brasileiras, e o PIB
per capita, que é o principal
indicador econômico.
Na última Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio), o problema se agravou. Senão vejamos: a magnitude do crescimento do período 2003-08 na ótica das contas nacionais, mesmo após as
sucessivas revisões para cima, o PIB cresce 3,78% em termos per capita ao ano, velocidade menor que a da Pnad, de
5,26% por ano, também descontando o crescimento populacional e a inflação. Isso
representa mais dois anos em
cinco anos.
Agora a questão é o que puxará o que: o PIB puxará a
Pnad para baixo, ou a Pnad
puxará o PIB para cima. Se depender da Pnad 2009, nenhuma dessas alternativas. O PIB
per capita cresce cerca de
-1,5% em 2009 contra um
crescimento, este positivo, de
2,04% da renda pnadiana.
O relatório recente de
Amartaya Sen e Joseph Stiglitz constata fortes discrepâncias entre as pesquisas domiciliares e os PIBs mundo
afora, sendo as taxas de crescimento do PIB em geral superiores. Na China e na Índia
ocorreu o oposto do Brasil. O
relatório argumenta pelo uso
das pesquisas domiciliares.
Outra vantagem é olhar a
distribuição dos frutos do
crescimento. Neste aspecto a
renda dos 40% mais pobres
cresceu 3,15% no último ano
contra 1,09 dos 10% mais ricos brasileiros dando sequência a uma queda inédita de desigualdade que percorreu todos os anos desta década que
se encerra nesta Pnad.
Além de um crescimento
maior da Pnad e reconhecido
como pró-pobre, o crescimento se dá para o período
2003 a 2009 com taxas de
crescimento da renda do trabalho em níveis equivalentes
ao da renda de todas as fontes, o que confere alguma
sustentabilidade ao processo
e, mais do que isso, um caráter simbólico. Existem poucos símbolos de prosperidade do que a multiplicação das
carteiras de trabalho.
Nesta semana lançaremos
nova pesquisa sobre a nova
classe média brasileira.
MARCELO NERI é chefe do Centro de
Políticas Sociais da Fundação Getúlio
Vargas
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