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Candidatos à Câmara por SP doam mais do que têm
De 10 políticos, 3 declararam ao TSE que não possuem bens; todos usam, porém, recursos próprios na campanha
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
Dez candidatos a deputado federal de São Paulo deram às próprias campanhas
mais dinheiro do que disseram ter. Em três casos, disseram à Justiça Eleitoral não ter
bem algum, mas estão bancando parte de suas campanhas com recursos próprios.
A Folha identificou esses
casos ao cruzar as prestações
de contas divulgadas pelo
TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta semana com a
declaração de bens que cada
candidato apresentou quando registrou a candidatura.
Na prestação de contas, o
político não é obrigado a informar os nomes dos doadores de sua campanha -isso
só vai ser obrigatório após a
eleição-, mas precisa discriminar se o dinheiro veio de
doações de pessoas físicas,
empresas, de partidos ou de
recursos próprios.
Os candidatos ouvidos pela Folha disseram que o dinheiro é de empréstimos, referentes à venda de imóveis
ou de saques feitos em suas
próprias empresas.
O caso mais emblemático é
o de Chinelo (PSB), como é
conhecido José Avelino Pereira, diretor afastado do Sindicato dos Metalúrgicos de
Itatiba e ex-vice-prefeito de
Clementina (516 km de São
Paulo), região de Araçatuba.
Ao registrar sua candidatura, Chinelo informou que
não tinha nenhum bem. Mas
ele já colocou do próprio bolso, nos dois primeiros meses
da campanha, R$ 90 mil.
Em 2006, quando também
concorreu a deputado federal, Chinelo gastou R$ 49,1
mil do próprio bolso. Teve
21,9 mil votos.
Outro exemplo é do publicitário Chico Santa Rita, marqueteiro da campanha de
Fernando Collor em 1989.
Candidato a deputado federal pelo PV, Santa Rita declarou não possuir nenhum
bem em seu nome, mas já
bancou R$ 13,8 mil de sua
campanha com dinheiro do
próprio bolso.
Dos 10 candidatos listados, 7 têm bens que superam
o valor aplicado nas campanhas. O que eles não teriam,
segundo registro no TSE, é
dinheiro vivo suficiente para
cobrir o que usam na eleição.
Há casos como o deputado
Carlos Sampaio (PSDB), que
informou ter injetado R$ 200
mil em recursos próprios na
campanha, mesmo tendo
apenas R$ 8,6 mil entre depósitos bancários, aplicações e dinheiro vivo quando
registrou a candidatura.
Situação parecida com a
do empresário Eduardo Palhares (PV), que informou em
sua declaração de bens ter R$
1,7 mil em dinheiro, mas já
gastou R$ 182 mil do próprio
bolso na campanha.
Também está nessa situação o empresário Guilherme
Mussi (PV), que bancou R$
110 mil, mas disse à Justiça
Eleitoral ter R$ 2,4 mil em dinheiro ou depósitos.
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