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RIO DE JANEIRO
Justiça recebe denúncia de curral eleitoral na Rocinha
Procuradoria suspeita que narcotráfico tenta eleger um deputado estadual
Associação nega que peemedebista tenha privilégio na favela e aponta placas de outros candidatos a deputado
HUDSON CORRÊA
SÉRGIO RANGEL
DO RIO
A Justiça Eleitoral do Rio
de Janeiro recebeu denúncias de que o narcotráfico age
na favela da Rocinha para
eleger o sucessor de um político que morreu em junho e
que era, segundo o Ministério Público, apoiado pelo
chefe dos traficantes.
O caso foi encaminhado à
Procuradoria da República
Eleitoral, que irá apurar se o
deputado estadual André Lazaroni (PMDB), candidato à
reeleição, tem privilégios na
favela em relação a seus concorrentes. Ele nega.
"Existem denúncias de
que só ele poderia fazer propaganda de estadual lá", declarou o juiz Paulo César
Vieira. O juiz recebeu um jornal de campanha de Lazaroni, além de fotos, em que só
aparecem placas do peemedebista em meio a de candidatos a deputado federal.
Com tiragem de 20 mil
exemplares, o jornal aponta
Lazaroni como sucessor de
Claudinho da Academia. Vítima de infarto, Claudinho tinha sido eleito vereador pelo
PSDC, obtendo na zona eleitoral da Rocinha 8.000 do total de seus 11.513 votos. Neste
ano, ele sairia candidato a
deputado estadual.
DENÚNCIA
O Ministério Público Eleitoral chegou a denunciar
Claudinho em janeiro por suposto uso de violência e de
ameaçar eleitores.
Ele participou, segundo o
Ministério Público, de reunião com o chefe do tráfico
da Rocinha, Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem.
No encontro, Nem teria
ameaçado cerca de cem pessoas e dito que só havia um
candidato a vereador na favela, Claudinho, e que nenhum outro poderia fazer
campanha na comunidade.
O suposto esquema foi
adotado nas eleições deste
ano, segundo o candidato a
deputado estadual Adelson
Guedes (PMDB).
"Lazaroni encontra todas
as facilidades. É a associação
de moradores junto com todos os poderes que você possa imaginar. A associação
manipula o tráfico e andam
como uma corja só", declarou o candidato.
ASSOCIAÇÃO
O presidente da UPMMR
(União Pró-Melhoramentos
dos Moradores da Rocinha),
Leonardo Rodrigues Lima,
46, nega a acusação.
"O tráfico [de drogas] aqui
não se mete no trabalho da
associação. Eu sou casado.
Tenho dois filhos. Eu jamais
trabalharia na associação se
tivesse interferência de alguém do tráfico. Eles fazem o
trabalho deles. Eu faço o
meu", disse Lima.
Na segunda-feira, Lima
acompanhou a Folha pelas
ruas na entrada da favela e
apontou placas de outros
candidatos a deputado estadual. "Aqui entra e sai qualquer candidato", disse.
Somente Lazaroni, porém,
tinha uma estrutura com cabos eleitorais uniformizados
com a camisa de campanha
de Claudinho a vereador.
Na semana passada, a Folha já havia percorrido a estrada que corta a Rocinha.
No alto do morro predominam placas de campanha de
Lazaroni.
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