São Paulo, quinta-feira, 10 de março de 2011

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Partido pressiona, e filha de Roriz deixa comissão na Câmara

Flagrada em vídeo recebendo dinheiro, deputada deve ser investigada; procurador-geral pode levar caso ao Supremo

PMN divulgou nota dizendo lamentar que a deputada tenha se deixado envolver numa "prática nefasta"


MARIA CLARA CABRAL
FILIPE COUTINHO

DE BRASÍLIA

Flagrada em vídeo recebendo dinheiro, Jaqueline Roriz (PMN-DF) saiu da comissão especial da Câmara sobre reforma política, depois de pressão de seu partido. A deputada federal também deve ser investigada internamente pela Câmara, afirmou o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS).
Além disso, o procurador-geral Roberto Gurgel pretende levar o caso ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Jaqueline pediu desligamento da comissão depois de o PMN ter divulgado uma nota dizendo lamentar "que a deputada tenha se deixado envolver ingênua e desnecessariamente numa prática nefasta, própria de agentes políticos de pequena expressão". O documento afirma, porém, que a legenda vai "aguardar o desenrolar dos acontecimentos".
"Aprendi que os interesses da sociedade, de um grupo político, devem prevalecer acima de qualquer interesse individual ou vontade pessoal e, nesse contexto, solicito a minha substituição na Comissão Especial representando o PMN", disse a deputada por meio de uma nota.
Jaqueline será substituída na comissão pelo deputado Carlos Alberto (PMN-RJ).
Na nota divulgada ontem, ela não se pronuncia sobre o vídeo em que ela e o marido aparecem recebendo dinheiro do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa.
A saída da comissão da reforma política era um dos pedidos do PSOL, que anunciou que entrará com representação na corregedoria da Câmara.

INVESTIGAÇÃO
Marco Maia também formalizou ontem o envio de pedido de informação sobre o caso ao Ministério Público e informou que dará celeridade à instalação do Conselho de Ética da Casa.
A escolha do presidente do colegiado, responsável por analisar pedidos de cassação de mandato, deve acontecer na próxima quarta-feira.
"Se [a resposta do Ministério Público] vier com informações mais contundentes, [o caso] vai para o Conselho de Ética. Se vier com informações sem substância, mando para o corregedor analisar", disse Maia.
O corregedor da Casa, deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), está fora do país.
Segundo o presidente, uma das primeiras missões do conselho será analisar se atos cometidos antes do mandato de um deputado podem ser investigados internamente. Na opinião de Maia, há uma brecha para processar a deputada: "há uma teoria de que o fato ficou conhecido depois da eleição. É uma situação diferente por esse aspecto".
O presidente da Câmara classificou as imagens divulgadas como "fortes".
"Ali as imagens apresentam um ilícito, que precisa ser investigado", afirmou. Apesar disso, ao ser questionado sobre o corporativismo dos deputados, o presidente da Casa disse que isso "é inerente de qualquer setor da sociedade brasileira".
Hoje, o presidente da OAB-DF, Francisco Caputo, se reúne com Maia para "expor as aflições do povo de Brasília com esses reiterados escândalos políticos".


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