São Paulo, domingo, 10 de abril de 2011

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FOCO

Abandonado por crias, Maia perde espaço no Rio e agora sonha com Parlasul

Ex-prefeito se isola, flerta com o antigo rival Garotinho e atribui fuga de políticos fluminenses do DEM às "saudades do poder"

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

Após 16 anos absoluto no trono da política carioca, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM), 65, parece mais longe que nunca de reviver os tempos de seu império.
Desde que entregou as chaves da cidade ao ex-aliado Eduardo Paes (PMDB), no início de 2009, ele enfrenta derrotas em série e vê suas principais crias se afastarem.
Em seis meses, encerrou uma campanha ao Senado em quarto lugar, com apenas 11% dos votos válidos, e viu o filho Rodrigo Maia ser enxotado da presidência do DEM antes do fim do mandato.
A crise se agravou nos últimos dias, quando os ex-deputados Indio da Costa e Solange Amaral anunciaram a saída do partido com duras críticas ao ex-padrinho.
"Ele escolheu o caminho do isolamento", diz Solange, sua candidata ao governo fluminense em 2002 e à prefeitura carioca em 2008.
"Parou de receber as pessoas, passou a se comunicar só por e-mail", completa Indio, repetindo o discurso de ex-rivais. "No último mandato, ergueu um palácio, a Cidade da Música, e deixou a cidade esburacada."

GAROTINHO
Conhecido pela capacidade de surpreender, o ex-prefeito reagiu às saídas divulgando uma inusitada aproximação com o deputado Anthony Garotinho (PR), seu maior rival por uma década.
O gesto foi recebido com espanto por analistas da política carioca. "É incompreensível. Garotinho tem forte rejeição no Rio, e Cesar Maia está assustando os eleitores que ainda lhe restam. Parece uma estrela em seu ocaso", opina Ricardo Ismael, professor da PUC-Rio.
"Ele saiu da prefeitura desgastado, ficou sem discurso para concorrer ao Senado e agora está carregando sozinho o caixão do DEM no Rio."
A ruptura com as próprias crias lembra a trajetória do ex-governador Leonel Brizola (1922-2004), que apadrinhou e depois brigou com políticos como Saturnino Braga, Marcello Alencar, Garotinho e o próprio Maia.
"Os dois fecharam as portas para a renovação em seus partidos. Se sair da política hoje, Maia não deixará herdeiros além do filho", aposta Ismael, que duvida das chances do deputado Rodrigo em disputas majoritárias.

ROTINA
Em entrevista à Folha por e-mail, o ex-prefeito desdenhou da má fase ("rotina cíclica da política") e da queda de popularidade ao fim do terceiro mandato ("desgaste de material").
Disse ter se aproximado de Garotinho para unir forças na oposição ao governador Sérgio Cabral (PMDB), que deve sustentar a candidatura de Paes à reeleição em 2012, e ironizou os ex-afilhados de saída do DEM.
"Todos ficaram muito tempo no poder, 16 anos, e sentiram saudades", disse.
Indio deve se candidatar a prefeito do Rio pelo PDS, em fase de criação, e Solange diz não ter decidido seu futuro.
Questionado sobre eventuais planos de disputar novamente a prefeitura ou o Senado, Maia revelou que seus sonhos, agora, andam bem distantes do Rio ou de Brasília. Quer concorrer a uma vaga no pouco conhecido Parlasul -o Parlamento do Mercosul, em Montevidéu.
"O que me estimula é, assim que o Congresso regulamentar a eleição direta para deputado no Parlasul, me candidatar", disse.


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