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Padre não declarou dinheiro pois "era tarde"
Abílio Ferreira da Nova foi preso no domingo, no Rio, saindo do país com 52,8 mil não informados à Receita
Segundo o religioso, a quantia destinava-se a parentes em Portugal; ele afirma declarar tudo no Imposto de Renda
JOÃO PAULO GONDIM
DE SÃO PAULO
Administrador dos bens
da Arquidiocese do Rio, o
monsenhor Abílio Ferreira
da Nova, 77, disse à Folha
que sabia que deveria declarar à Receita Federal os 52,8
mil e os US$ 778 com os quais
tentou embarcar para Portugal -sua terra natal-, no último domingo.
Ele falou que não fez o procedimento pois já "era tarde"
quando chegou ao aeroporto. Acabou preso, mas foi liberado na manhã seguinte.
O religioso reafirmou que
a quantia, declarada no Imposto de Renda e destinada a
"ajudar parentes" em Póvoa
de Varzim, onde nasceu, era
dele, e não da Igreja.
Leia trechos da entrevista
a seguir.
Folha - O que houve no domingo?
Monsenhor Abílio - O meu
único pecado foi não ter declarado o dinheiro que levei
comigo. Só isso. Não roubei,
não matei, o dinheiro é meu.
O senhor está preocupado
com os desdobramentos?
Isso aí está tudo seguindo
direitinho. Vai seguir os trâmites normais.
Houve uma denúncia anônima para a Polícia Federal?
Foi. Deixaram que eu entrasse dentro do aeroporto,
despacharam a minha mala,
aí é que fizeram a denúncia.
O senhor tem suspeita de
quem seja o denunciante?
Quem me dera saber. Se
você quiser descobrir para
mim, eu agradeço. Nem a minha sobrinha, que vive comigo, sabia do dinheiro que eu
levava. Só sei que Deus vai,
de fato, vingar. Deus tem os
seus caminhos e, portanto,
eu deixo na mão dele.
O senhor não sabia que tinha
que declarar o dinheiro?
Sabia. Mas eu pensava em
fazer isso lá dentro [do aeroporto]. Quando foi lá dentro,
já era tarde. E, afinal de contas, o dinheiro não era roubado, era meu. [...] Era para os
meus [parentes] pobres em
Portugal. Eu já tinha posses,
que vieram de família. Declaro tudo no Imposto de Renda.
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