São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2010

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Tucanos escalam mulher de Serra para atacar PT

Psicóloga critica Dilma em mensagem para site tucano

Monica Serra recebe treinamento para dar entrevistas e estreia conta no Twitter para comentar o escândalo


BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

A campanha de José Serra (PSDB) escalou a mulher do presidenciável, a psicóloga chilena Monica Allende Serra, para reforçar as críticas ao PT pela quebra do sigilo fiscal da filha Veronica.
O objetivo é martelar a mensagem de que a família do tucano teve a intimidade violada para beneficiar Dilma Rousseff (PT).
Ontem, a ex-primeira-dama paulista gravou um depoimento em tom emocional sobre o caso, a ser divulgado hoje no site tucano. Se a repercussão for positiva, o vídeo pode ser usado na propaganda de Serra na TV.
Na mensagem, Monica acusa a candidata adversária de omissão diante do escândalo. "É muito chocante perceber que, mesmo sendo mulher e mãe, ela silenciou, em vez de se solidarizar com minha família", disse à Folha.
A psicóloga se esforçou para traduzir o caso de forma didática, de olho no eleitorado que não declara Imposto de Renda: "É como se invadissem a casa da gente arrombando a fechadura, ou como se o gerente divulgasse sua senha no banco".

TREINAMENTO
Reservada por temperamento, Monica precisou ser treinada pela equipe de comunicação do marido para assumir o novo papel.
No início da semana, o PSDB deslocou uma assessora de imprensa de Brasília para acompanhá-la e marcar entrevistas em São Paulo.
Em outra frente de comunicação, os tucanos criaram uma conta para a psicóloga no Twitter, com o endereço @monicaserra45.
Ela estreou o microblog com exclamações sobre o escândalo. "Não podemos aceitar a quebra de sigilo fiscal sem reagir. É um ataque à democracia. Isso é inadmissível!", escreveu.
Em outra mensagem, convocou os visitantes a "reagir, ajudando a democracia e a candidatura de Serra". E emendou mais um protesto: "Acho o que está acontecendo um absurdo".
Aos internautas, a psicóloga, que se naturalizou brasileira em 1999, disse aderir à ferramenta após "aprender com @joseserra_ [perfil do candidato] que aqui posso expressar melhor meu amor pelo Brasil". Ontem à noite, ela era seguida por mais de 530 pessoas. Mas só seguia um perfil: o do marido.
Para os responsáveis pelo marketing tucano, a exposição da mulher do presidenciável reforça a credibilidade dos ataques ao PT, que nega participação no caso.
O testemunho também ajudaria a neutralizar a ofensiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi ao programa de Dilma na TV acusar Serra de fazer "baixaria" contra a candidata.
A avaliação no comitê tucano é que deixar o candidato falando sozinho sobre o escândalo poderia favorecer a versão presidencial.
Serra já havia reduzido as menções ao caso, mas foi obrigado a voltar à carga ontem, após a participação de Lula no horário petista.

ESFORÇO
Monica começou a atuar na campanha em agosto, num esforço para aproximar o tucano do eleitorado feminino. Numa participação, protestou contra o silêncio da "candidata mulher" no caso da iraniana condenada à morte por apedrejamento.
À Folha, ela confessou o incômodo com a nova tarefa, mas afirmou que espera superar a timidez para ajudar o marido. "Passo por cima disso", disse.


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