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Tribunal de Contas liga ONG de Roriz a mensalão do DEM
Instituto fundado por Weslian teria fechado contratos irregulares com Companhia de Desenvolvimento do DF
Candidata ao governo do DF não se manifesta sobre irregularidades identificadas pelo Tribunal de Contas
FILIPE COUTINHO
GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
O instituto fundado pela
candidata ao governo do Distrito Federal, Weslian Roriz
(PSC), foi beneficiado pelo
mesmo esquema que mais
tarde patrocinou o mensalão
do DEM, segundo o Tribunal
de Contas do DF.
O Instituto Integra aparece
na lista de irregularidades
em contratos de informática
da Codeplan (Companhia do
Desenvolvimento do DF). Na
época, a companhia estava
sob a administração do governador Joaquim Roriz
(2003-2006) e era presidida
por Durval Barbosa.
Barbosa veio a ser o delator do mensalão do DEM. O
caso envolve empresas também contempladas pelo esquema já no governo José Roberto Arruda (2007-2010). Essas empresas foram indiciadas pela Polícia Federal na
operação Caixa de Pandora.
Segundo o delator e a CPI
da Codeplan, a companhia
de desenvolvimento foi o embrião do esquema do mensalão - possibilidade admitida
pelo próprio Roriz.
Todas as "falhas graves"
apuradas pelo tribunal no
Instituto Integra são do período em que Weslian era
presidente da ONG (2004-2006). O TCDF afirma que as
facilidades obtidas pela ONG
podem ser consideradas uma
violação do princípio constitucional da impessoalidade,
dada a relação do "casal
20"- slogan de Weslian na
campanha ao governo após
substituir o marido "ficha-suja" na disputa.
Segundo o tribunal, a ONG
recebeu da Codeplan obras e
equipamentos para montar
laboratórios de informática
para cegos, e o governo bancou os instrutores, sem a
ONG ter comprovado que
ofereceu os cursos. O governo pagou a manutenção dos
computadores sem a organização oferecer de fato o programa de inclusão digital.
Mesmo assim, o convênio foi
renovado duas vezes.
A auditoria apontou também que os programas da
ONG "Fábrica Minha Sopa" e
"Cão Guia" não tinham relação com inclusão digital.
Não é possível saber quanto foi gasto pela Codeplan
com a ONG. Não houve transferência direta de recursos e
há quatro anos o governo
não informa os valores gastos. Isso foi considerado mais
uma irregularidade.
CARTÃO DE VISITAS
Usada na campanha como
principal experiência da novata Weslian, a Integra contou ainda com outras facilidades no governo Roriz. A sala do instituto foi doada pelo
governo e, segundo a auditoria, material de informática
foi deixado para a ONG. Só
para "adequar o ambiente",
o governo gastou R$ 343 mil
(em valores atualizados).
A procuradoria do tribunal
afirma ainda que funcionário
terceirizado do governo, que
deveria trabalhar no maior
hospital de Brasília, dava expediente na ONG de Weslian.
Além disso, um decreto de
Joaquim Roriz deu exclusividade para o instituto Integra
capacitar cães-guia.
O processo no TCDF se arrasta desde 2006 porque dirigentes da Codeplan não compareceram às audiências. No
período, a Codeplan também
foi presidida pelo atual governador, Rogério Rosso
(PMDB). Aliado de Weslian,
ele não prestou as informações pedidas pelo tribunal.
OUTRO LADO
Weslian Roriz não se manifestou sobre as irregularidades identificadas pelo Tribunal de Contas do Distrito
Federal na ONG Integra.
A Folha encaminhou na
quinta-feira uma lista de perguntas para a assessoria da
candidata, mas não obteve
resposta.
A presidente do Integra,
Lúcia Bittar, também não
atendeu às ligações telefônicas da Folha. Segundo funcionários da ONG, ela está
em viagem para o exterior.
Aliado de Weslian Roriz e
ex-presidente da Codeplan, o
governador Rogério Rosso
(PMDB) afirmou que não poderia responder sobre irregularidades encontradas em
governos anteriores ao seu.
Por meio da assessoria,
Rosso afirmou que não prestou informações ao Tribunal
de Contas do DF, quando era
da Codeplan, porque o órgão
estava subordinado à Secretaria de Desenvolvimento Urbano do DF, e os contratos de
informática não eram mais
de sua responsabilidade.
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