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Aumenta a rejeição ao aborto no Brasil
71% afirmam que legislação sobre o tema deve ficar como está e 7% apoiam a descriminalização, diz Datafolha
Apoio à proibição do aborto é a mais alta em 17 anos, desde que o levantamento começou a ser feito pelo instituto
UIRÁ MACHADO
DE SÃO PAULO
O apoio à proibição do
aborto é o mais alto no Brasil
desde 1993, quando o Datafolha começou a série histórica
de perguntas sobre o tema.
Segundo pesquisa realizada na última sexta-feira em
todo o país, 71% dos entrevistados afirmam que a legislação sobre o aborto deve ficar
como está, contra 11% que
defendem a ampliação das
hipóteses em que a prática é
permitida e 7% que apoiam a
descriminalização.
Atualmente, o Código Penal brasileiro classifica o
aborto entre os crimes contra
a vida. A pena prevista para a
mulher que o provocar ou
permitir a prática em si mesma vai de um a três anos de
detenção (artigo 124).
O código prevê duas situações em que o aborto não é
crime (artigo 128): se não há
outro meio de salvar a vida
da gestante e se a gravidez é
resultado de estupro.
Segundo Mauro Paulino,
diretor-geral do Datafolha, a
rejeição recorde ao aborto
pode ser resultado da ampla
exposição que o tema teve
nas últimas semanas.
CAMPANHA
O aborto ganhou espaço
na mídia e na boca dos candidatos a presidente no final do
primeiro turno, impulsionados pela movimentação de
igrejas evangélicas e segmentos católicos que pregavam voto anti-Dilma Rousseff (PT) e pró-vida -a petista já defendeu a prática.
Na propaganda eleitoral
de sexta, a primeira do segundo turno, tanto Dilma
quanto José Serra (PSDB) falaram sobre o tema.
Segundo o Datafolha, a taxa dos eleitores que afirmam
querer que a lei fique como
está é semelhante entre os
que no primeiro turno votaram em Dilma (71%), em Serra (72%) e em Marina Silva
(70%), candidata do PV.
O apoio à proibição do
aborto é razoavelmente homogêneo em todas as faixas
da população, sempre em
torno de 70%. No entanto,
entre os que têm ensino superior e os mais ricos há menos apoiadores: 63% e 56%,
respectivamente.
A série de pesquisas sobre
o tema mostra uma tendência ao conservadorismo.
No levantamento feito em
1993, 54% afirmavam que as
exceções deveriam continuar restritas aos casos de estupro e de risco à vida da gestante, enquanto 23% diziam
apoiar o aborto em mais casos e 18% eram favoráveis a
descriminalizar a prática.
Desde então, a manutenção da atual legislação veio
ganhando apoio. Em 1997,
55% diziam apoiar a proibição. Em 2006, o número passou para 63%, depois para
68% em 2008.
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