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ANÁLISE
Agressividade da petista é uma estratégia arriscada
FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA
O primeiro debate eleitoral
do segundo turno foi o mais
agressivo de toda a campanha. Dilma Rousseff (PT) partiu para cima de José Serra
(PSDB) logo na saída, nos
primeiros minutos.
A estratégia era clara. A
petista quis tomar a dianteira
sobre os temas que a incomodaram nas últimas semanas,
sobretudo os ligados a valores morais e religiosos. Assim, em vez de esperar para
ser perguntada sobre aborto,
cutucou Serra a respeito.
Foi logo acusando a campanha tucana de atingi-la
com "calúnias". Mais adiante,
citou Monica Serra, a mulher
de Serra, que teria dito que a
petista seria "a favor da morte
de criancinhas".
Como Serra evitava entrar
nesse assunto, Dilma usou
de maneira ostensiva o verbo
"tergiversar" para explicar
que o oponente fugia de uma
abordagem direta a suas perguntas.
A petista chamou o tucano
de "mil caras". Em segundos o
termo virou um um "hashtag"
(etiqueta) no microblog Twitter. A militância profissional
do PT turbinou o debate. Dilma queria irritar o adversário. Falou sobre um assessor
da campanha de Serra que
supostamente teria fugido
com R$ 4 milhões. Ele não
respondeu.
Dilma jogou sempre no
ataque. Em dado momento,
disse que o programa para recuperação de drogados promovido por Serra em São
Paulo tinha apenas 95 leitos
disponíveis. O tucano corrigiu: seriam 300 leitos. A claque petista riu na plateia.
A embocadura usada pela
campanha petista embute
um alto risco. Se há um consenso entre publicitários e
politólogos é que o eleitor
não gosta de quem se mostra
mais agressivo.
O exemplo mais recente foi
o de 2006, quando Geraldo
Alckmin (PSDB) também fez
duras cobranças de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nos
dias seguintes, o tucano desidratou nas pesquisas.
Há diferenças sobre 2006.
Primeiro, a candidata que
atacou mais é uma mulher.
Segundo, agora todos ficaram parados atrás de púlpitos. Há quatro anos, os debatedores andavam pelo cenário. Dilma deu tom forte às
perguntas, mas seu gestual
foi relativamente controlado.
A linguagem corporal geral de ambos, entretanto, denotava um Serra mais calmo
e uma Dilma mais exaltada.
Não há como saber qual será
o efeito, mas ficou claro que a
campanha ficou mais franca.
E que a petista se sente à vontade para espetar Serra o
quanto puder.
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