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Chefia da Segurança é impasse para Alckmin
Aliados defendem que governador eleito afaste atual secretário, cuja gestão é elogiada por combate à corrupção
Se tirar nome da pasta, tucano correrá risco
de parecer conivente
com policiais que foram investigados por Pinto
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
O governador eleito de São
Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB), está diante de um
impasse na segurança.
Deputados e policiais que
apoiam o tucano querem
afastar o secretário da pasta,
Antonio Ferreira Pinto, cuja
gestão é elogiada pelos resultados positivos. A taxa de homicídios é a menor da história do Estado, crimes como
roubo e furto estão em queda
e o combate à corrupção policial se tornou uma das marcas do secretário.
Se tirá-lo, o governador
corre o risco de parecer conivente com a banda da polícia
suspeita de corrupção.
Foi na gestão de Ferreira
Pinto que a Corregedoria da
Polícia Civil, que investiga
desvios praticados por policiais, passou a fazer parte do
gabinete do secretário, com
uma autonomia inédita.
O resultado foi que cerca
de 900 delegados estão sob
investigação por crimes tão
graves como o desvio de cerca de R$ 30 milhões do Detran (Departamento de Trânsito) e propinas acima de US$
1 milhão pagas a policiais por
um traficante colombiano,
Juan Carlos Ramírez Abadía.
A investigação dos 900 delegados e o caso da propina
foram revelados pela Folha.
Ninguém fala abertamente contra Ferreira Pinto, mas
a Folha apurou que o deputado federal Mendes Thame
(PSDB) e o presidente da Assembleia, Barros Munhoz
(PSDB), estão entre os que fazem pressão por um novo
ocupante do cargo.
O deputado Fernando Capez, também tucano, já disse
a empresários que ele seria o
futuro secretário de Segurança. Procurado pela Folha,
Capez diz que não comenta
questões sobre a secretaria.
Marco Antonio Desgualdo, delegado que é próximo
de Alckmin a ponto de suas
mulheres serem amigas,
também está entre os que
querem outro nome na pasta.
São aliados de Desgualdo
nessa empreitada o delegado
Ivaney Cayres de Souza e
Everardo Tanganelli Junior.
Ambos são desafetos do secretário porque ele tirou-o de
cargos cobiçados, como o
Detran e o Denarc (Departamento de Narcóticos).
Eles fazem lobby para o
deputado Dimas Ramalho e o
advogado Marcelo Martins
de Oliveira, que foi adjunto
na secretaria na gestão de
Saulo de Castro. Por causa de
seu estilo polêmico, Saulo
deve assessorar Alckmin,
sem o cargo de secretário.
O nome do ex-deputado
Régis de Oliveira também
aparece na bolsa de apostas.
Os policiais querem tirar
Ferreira Pinto para mudar a
Corregedoria da Polícia Civil.
Já os deputados querem
voltar a nomear delegados
para cargos que consideram
estratégicos e indicar as cidades onde a polícia deve abrir
novas delegacias.
Ferreira Pinto repete que
foi esse tipo de política paroquial que levou Pirassununga, com 70 mil habitantes, a
ter seis distritos enquanto o
bairro Pimentas, na zona leste de São Paulo, tem um distrito para 200 mil habitantes.
Outro motivo de atrito é a
avaliação do secretário de
que o Detran deveria ser excluído da Polícia Civil por
dois motivos: 1) não há nada
de policial na atividade; 2) o
poder da polícia num órgão
desse é fonte de corrupção.
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