São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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Chefia da Segurança é impasse para Alckmin

Aliados defendem que governador eleito afaste atual secretário, cuja gestão é elogiada por combate à corrupção

Se tirar nome da pasta, tucano correrá risco de parecer conivente com policiais que foram investigados por Pinto

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), está diante de um impasse na segurança.
Deputados e policiais que apoiam o tucano querem afastar o secretário da pasta, Antonio Ferreira Pinto, cuja gestão é elogiada pelos resultados positivos. A taxa de homicídios é a menor da história do Estado, crimes como roubo e furto estão em queda e o combate à corrupção policial se tornou uma das marcas do secretário.
Se tirá-lo, o governador corre o risco de parecer conivente com a banda da polícia suspeita de corrupção.
Foi na gestão de Ferreira Pinto que a Corregedoria da Polícia Civil, que investiga desvios praticados por policiais, passou a fazer parte do gabinete do secretário, com uma autonomia inédita.
O resultado foi que cerca de 900 delegados estão sob investigação por crimes tão graves como o desvio de cerca de R$ 30 milhões do Detran (Departamento de Trânsito) e propinas acima de US$ 1 milhão pagas a policiais por um traficante colombiano, Juan Carlos Ramírez Abadía.
A investigação dos 900 delegados e o caso da propina foram revelados pela Folha.
Ninguém fala abertamente contra Ferreira Pinto, mas a Folha apurou que o deputado federal Mendes Thame (PSDB) e o presidente da Assembleia, Barros Munhoz (PSDB), estão entre os que fazem pressão por um novo ocupante do cargo.
O deputado Fernando Capez, também tucano, já disse a empresários que ele seria o futuro secretário de Segurança. Procurado pela Folha, Capez diz que não comenta questões sobre a secretaria.
Marco Antonio Desgualdo, delegado que é próximo de Alckmin a ponto de suas mulheres serem amigas, também está entre os que querem outro nome na pasta.
São aliados de Desgualdo nessa empreitada o delegado Ivaney Cayres de Souza e Everardo Tanganelli Junior. Ambos são desafetos do secretário porque ele tirou-o de cargos cobiçados, como o Detran e o Denarc (Departamento de Narcóticos).
Eles fazem lobby para o deputado Dimas Ramalho e o advogado Marcelo Martins de Oliveira, que foi adjunto na secretaria na gestão de Saulo de Castro. Por causa de seu estilo polêmico, Saulo deve assessorar Alckmin, sem o cargo de secretário.
O nome do ex-deputado Régis de Oliveira também aparece na bolsa de apostas.
Os policiais querem tirar Ferreira Pinto para mudar a Corregedoria da Polícia Civil.
Já os deputados querem voltar a nomear delegados para cargos que consideram estratégicos e indicar as cidades onde a polícia deve abrir novas delegacias.
Ferreira Pinto repete que foi esse tipo de política paroquial que levou Pirassununga, com 70 mil habitantes, a ter seis distritos enquanto o bairro Pimentas, na zona leste de São Paulo, tem um distrito para 200 mil habitantes.
Outro motivo de atrito é a avaliação do secretário de que o Detran deveria ser excluído da Polícia Civil por dois motivos: 1) não há nada de policial na atividade; 2) o poder da polícia num órgão desse é fonte de corrupção.


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