São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

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Governo apura negócio feito por ministro

Depois de repassar à iniciativa privada terreno que pertencia à União, Bezerra Coelho comprou a área para erguer hotel

SPU diz que negócio é irregular, pois contrato que cedeu o terreno à cidade de Petrolina (PE) previa apenas shopping


RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A PETROLINA (PE)

O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), é dono de um terreno que a União cedeu a Petrolina (PE) quando ele era prefeito da cidade. A negociação é investigada pela SPU (Secretaria do Patrimônio da União).
Bezerra Coelho comprou o terreno em 2007 e montou uma sociedade com a Funcef (fundo de pensão dos servidores da Caixa) para a construção de um hotel de 102 quartos, em obras.
Um ano antes, quando Bezerra Coelho era prefeito de Petrolina, o município concedeu uma licença prévia para a realização da obra.
Procurada pela Folha, a SPU considerou irregular a venda do terreno, embora ainda aguarde um parecer definitivo, a ser feito pela Advocacia-Geral da União.
Para a secretaria, a área não poderia ser negociada tendo em vista uma "cláusula contratual específica que determinava o objeto do contrato (construção de shopping center)".
A história começa em 1993, quando o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), entregou o terreno de 151 mil metros quadrados à prefeitura. Bezerra Coelho exercia o seu primeiro mandato.
Em contrapartida, os novos proprietários deveriam erguer o primeiro shopping da cidade e uma creche, a ser doada à prefeitura.
Após licitação, a área foi repassada a uma empresa particular, a Companhia do Vale Ltda., que tinha como sócio o cunhado do ministro, Armando Reis Peixoto.
O shopping foi construído e entrou em operação em 1995, mas não foi necessário o uso de todo o terreno. A parte não aproveitada foi então dividida em vários lotes. Em 2007, Peixoto vendeu um dos lotes para Bezerra Coelho, onde é erguido o hotel.
Bezerra Coelho declarou que a área foi comprada por R$ 310 mil, mas corretores ouvidos pela Folhaw estimaram o valor do imóvel entre R$ 800 mil e R$ 1,2 milhão.
Em Petrolina, o funcionário da Funcef que acompanha a obra, o engenheiro civil Bruno Dal Moro, contou que a proposta da parceria partiu de Bezerra Coelho, o que depois foi confirmado pelo ministro. A obra é avaliada em R$ 11 milhões.


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