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ANÁLISE
Serra evoca o samba de Noel: "Com que roupa"?
A estratégia de campanha
de José Serra está escorada
numa ilusão. Na entrevista
ao "Jornal Nacional", o presidenciável tucano deu asas à
quimera: "O Lula não é candidato a presidente", disse.
"Meu foco não é o Lula",
repetiu mais adiante. Revelou-se capaz de tudo, menos
de dirigir uma crítica a Lula.
Restou evidenciado que,
há uma semana do início da
propaganda eleitoral televisiva, Serra ainda não logrou
construir um discurso de
oposição. Sabe que Lula, não
sendo candidato, comanda o
baile da sucessão. Sem ele, a
candidatura da petista Dilma
Rousseff, sua principal antagonista, não existiria.
Quem convida Serra para
o samba é Lula, não Dilma. E
ele roda em círculos, como se
entoasse Noel Rosa: "Esta vida não está sopa e eu pergunto: com que roupa? Com que
roupa eu vou pro samba que
você me convidou?"
Dos três presidenciáveis,
Serra foi o menos fustigado
pelo "casal JN". Ainda assim,
não se livrou de falar sobre o
apoio de Roberto Jefferson.
Apresentou-o como "denunciante" do mensalão.
Meia verdade. Denunciou
depois que os holofotes focaram o esquema que o PTB
montara nos Correios.
Como José Dirceu (PT), Jefferson teve o mandato de deputado cassado. E desceu ao
banco de réus em que o STF
acomodou a "quadrilha".
Serra disse que não lhe cabe julgar. Afirmou que Jefferson conhece o seu estilo de
governar. Se está com ele, é
porque se sujeita. Talvez dissesse o mesmo sobre Orestes
Quércia (PMDB). Mas não foi
inquirido a respeito.
Por que foge da comparação de FHC com Lula? "Não
estamos fazendo disputa do
passado", rodeou.
Insinuou que, eleita, Dilma governaria "na garupa".
A questão é que, para seduzir
o eleitor que Lula transfere
para Dilma, Serra teria de
apregoar um sonho novo.
Antes, precisa responder à
pergunta: "Com que roupa?"
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