|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fazenda erra dados e infla feitos de Lula
Boletim com estatísticas econômicas tem números e conceitos errados e subestima resultados do governo FHC
Cálculo do crescimento
da gestão tucana omitiu
1995, o que fez a média
cair de 6,2% para 3,5%;
site de Dilma usa dados
GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA
Boletim de estatísticas divulgado anteontem pelo Ministério da Fazenda apresenta números e conceitos errados ou distorcidos para inflar
os feitos do governo Luiz Inácio Lula da Silva, subestimar
resultados da gestão anterior
e esconder fragilidades
atuais da política econômica.
Repleto de quadros com títulos em tom otimista e gráficos destinados à exibição em
slides, o documento de 136
páginas privilegia comparações com o passado e aborda
temas que têm sido explorados pela campanha da candidata governista ao Planalto,
Dilma Rousseff (PT).
Conforme a Folha noticiou ontem, a compilação de
dados foi divulgada pelo próprio ministro Guido Mantega, algo inusual, como parte
de uma agenda de eventos
oficiais favoráveis à estratégia eleitoral petista.
Números relativos ao crescimento econômico, por
exemplo, foram no mesmo
dia para a página oficial da
campanha de Dilma.
Em meio às centenas de cifras citadas no boletim, há
desde informações negadas
pelos próprios gráficos que
as ilustram até erros de cálculo -e as contas erradas favorecem o governo.
Um caso evidente é o do
quadro destinado a atestar a
solidez das contas do Tesouro Nacional, cujo texto diz
que, "até 2010, já são 12 anos
de superavit acima de 2% [do
Produto Interno Bruto]".
O gráfico logo abaixo mostra, neste ano, receitas de
19,9% e despesas de 18,5%
do PIB ou, numa subtração
simples, superavit de 1,4%.
LULA X FHC
Os números do ano passado não estão explicitados nas
curvas coloridas, mas deveriam mostrar um superavit
ainda menor, de 1,25%.
Mais importante, omite-se
a meta oficial para o superavit federal, de 2,15% do PIB,
que o governo não tem conseguido cumprir -pela primeira vez nesta década-
mesmo com recordes de arrecadação tributária.
É falsa também a taxa de
crescimento da renda per capita atribuída aos dois mandatos de Fernando Henrique
Cardoso (PSDB), ou, seja, ao
período 1995-2002.
O quadro informa o percentual de 3,5% nos oito
anos, o que o texto descreve
como "praticamente estável". O cálculo, no entanto,
desconsidera o crescimento
do primeiro ano tucano, que
elevaria o percentual a 6,2%.
"Deficit de transações é
passageiro e não compromete crescimento", diz título sobre o desempenho do país
nas transações de bens e serviços com o exterior. Já o quadro mostra tendência de piora desde 2005.
Mesmo quando os números usados no boletim não estão errados, outros critérios
utilizados ajudam a alavancar os resultados.
A evolução do salário mínimo, em dólares, aproveita
a queda da moeda americana
e produz um salto dos valores; o custo da máquina administrativa não contabiliza
gastos com pessoal e fica
abaixo dos investimentos em
infraestrutura.
Texto Anterior: Foco: Chamado de "otário" em vídeo com Lula e Cabral, Leandro quer laptop Próximo Texto: Outro lado: Governo reconhece erros e diz que fará correções Índice
|