São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2011

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Verba desviada ia para deputada, diz petista

Dono da empresa que recebeu dinheiro do Turismo disse que recursos "voltavam" para a própria parlamentar

Vice-presidente do PT do Amapá atribuiu informação a seu sócio; deputada do PMDB nega ter recebido recursos

SILVIO NAVARRO
DE SÃO PAULO

Um dos 36 presos na Operação Voucher, da Polícia Federal, disse em entrevista à Folha que recursos pagos pelo Ministério do Turismo a uma empresa voltavam para a deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP), autora da emenda parlamentar que permitiu a liberação da verba.
O servidor Errolflynn Paixão (já solto), vice-presidente do PT do Amapá, atribuiu a informação a seu sócio na Conectur, Wladimir Silva Furtado. A empresa foi destinatária de R$ 250 mil.
Segundo a investigação da PF, foram desviados R$ 3 milhões dos R$ 4,4 milhões liberados pelo Turismo a partir da emenda.
O dinheiro foi repassado inicialmente à ONG Ibrasi, que o repassou a empresas de fachada, segundo a PF.
"Ouvi do Wladimir que o dinheiro voltava para a deputada Fátima, é isso o que eu disse à Polícia Federal. Se repassou [o dinheiro] é outra história, aí eu não sei, mas o Wladimir me falou isso."
A conversa, de acordo com Errolflynn, não teve outras testemunhas. "Infelizmente, estávamos só eu e ele naquele momento, mas ele falou isso para mim."
Ele afirma que "nunca prestou serviço turístico para o Estado". Segundo as investigações, a Conectur seria uma das subcontratadas pelo Ibrasi, mas os serviços nunca foram executados.
Errolflynn também é dirigente nacional da CUT e secretário-geral do Sindicato dos servidores federais no Estado do Amapá.
Ele disse que se afastou da Conectur em 2006, quando concorreu ao governo do Amapá pelo PT. "Fui sócio-fundador [da empresa]."

CONTRATAÇÕES
De acordo com Errolflynn, Wladimir e a deputada são amigos. "Ele trabalhou em campanhas dela para deputada", afirmou ele.
Em 2008, Wladimir candidatou-se a vereador na cidade de Ferreira Gomes (interior do Amapá) pelo PTC. A investigação mostra que o Ibrasi teria direcionado licitações para escolher outras cinco empresas para executar os serviços.
Além da Conectur, foram contratadas as empresas Barbalho Reis Comunicação e Consultoria (R$ 250 mil), Manhattan Propaganda (R$ 1,2 milhão), Luaxe Produções (R$ 950 mil) e Sinc Recursos Humanos (R$ 1,2 milhão).

Colaborou AGUIRRE TALENTO, de São Paulo


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