São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2011

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Brasil sofrerá pouco com crise externa

Para economistas, país crescerá menos, mas cenário é menos grave do que em 2008

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

A piora do cenário econômico na Europa e nos Estados Unidos vai mexer com a economia brasileira, mas não na mesma magnitude que a crise financeira de 2008. Essa é a percepção da maioria dos economistas ouvidos pela Folha.
Alguns já começaram a rever projeções para o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Se alguns meses atrás as previsões ficavam em torno de 4,5%, eles esperam agora crescimento abaixo de 4% para este e o próximo ano.
Uma recessão como a de 2009, no entanto, é considerada improvável.
"Essa crise não deve ter a gravidade de 2008. O impacto aqui tende a ser relativamente pequeno", afirma Maílson da Nóbrega, sócio da consultoria Tendências.
Nóbrega aponta o aumento de cerca de 13% do salário mínimo no ano que vem como um dos fatores que manterão a economia aquecida.
A necessidade de investimentos para a exploração do pré-sal e para a realização da Copa (2014) e da Olimpíada (2016) também devem limitar o impacto da crise no país.
"Não consigo ver o forte ciclo atual de investimentos no Brasil ser afetado substantivamente. Se a coisa [lá fora] for um pouco mais feia, eles vão crescer menos, mas seguirão se destacando num mundo onde há uma penúria de oportunidades", avalia o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros.
Para os especialistas, o crescimento menor dos países ricos não causará grandes estragos no mercado de trabalho brasileiro e nos setores de comércio e serviços. Isso porque, dizem, o consumo deve se manter aquecido.
As exportações de commodities (insumos básicos) também não devem ser muito afetadas, pois não é esperado um grande recuo de preços.
Na opinião do economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otavio Leal, o setor que será mais afetado é a já enfraquecida indústria.
Como os juros ficarão muito baixos nos EUA e na Europa para estimular essas economias, investidores continuarão trazendo recursos para o Brasil, em busca de rentabilidade. Isso manterá o dólar fraco, projetam.
Com o real valorizado e a demanda externa por manufaturados ainda mais fraca, a indústria continuará com dificuldades para exportar e competir com os importados.
Na avaliação do Itaú, a repetição de uma crise como a de 2008 é improvável, mas seu risco aumentou nos últimos dias. O banco estima que se isso acontecer o Brasil para de crescer até 2012.
Nesse caso, o Itaú considera que o governo deve reagir de forma diferente do que em 2008. Ao invés de aumentar os gastos públicos, deve aproveitar a "oportunidade" para reduzir mais os juros e trazer a taxa para perto de patamares internacionais.


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