São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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Dilma pensa em "desidratar" Casa Civil

Ganha força na equipe de transição desenho em que pasta teria perfil técnico e gestão do PAC seria transferida

Se programa for para o Planejamento, Miriam Belchior é mais cotada; eleita diz que não quer ter "superministério"

NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

A presidente eleita Dilma Rousseff cogita desidratar o ministério mais importante da Esplanada, a Casa Civil, e transferir parte de suas funções para outras áreas. Uma das possibilidades discutidas na equipe de transição é tirar de lá o Programa de Aceleração do Crescimento.
Há três destinos possíveis para o PAC caso a petista opte mesmo por esse desenho: passá-lo para o Ministério do Planejamento, levá-lo para a Secretaria-Geral da Presidência ou dividir a gestão e o acompanhamento do programa entre a Casa Civil e a Presidência da República.
A proposta de reduzir o tamanho da Casa Civil vem sendo estudada desde a campanha eleitoral. Nos últimos dias, porém, ganhou forte apoio entre os integrantes do grupo de transição.
Para Dilma, a Casa Civil tem hoje inúmeras atribuições executivas e outras prerrogativas de pouca ou nenhuma afinidade com a função original da pasta. Ela própria já repetiu mais de uma vez em reuniões que não quer um superministério, nem um superministro.
A hipertrofia da Casa Civil começou com a nomeação de José Dirceu em 2003. Naquela ocasião, o petista acumulou tarefas e transformou-se em uma espécie de primeiro-ministro, até ser derrubado pelo escândalo do mensalão.
Substituta de Dirceu no cargo em 2005 e depois escolhida por Lula para sucedê-lo, Dilma acabou beneficiada pelo poder da cadeira que agora cogita diminuir.
A petista deixou Minas e Energia naquele ano para se tornar a gerente do governo e líder do PAC. Durante as eleições, a Casa Civil foi chamada na propaganda do PT de "segundo posto mais importante da República".
Na avaliação de pessoas que acompanham as discussões sobre a dança de cadeiras na Esplanada, a ida do PAC para o Planejamento significaria reforçar o nome de Miriam Belchior para assumir a vaga, hoje ocupada por Paulo Bernardo.
Sua indicação atenderia a três requisitos: é mulher, já coordena o PAC e Lula sempre quis tê-la no primeiro escalão. O presidente só não nomeou Miriam para substituir Dilma porque esta indicou Erenice Guerra.
Conferir um contorno estritamente técnico à Casa Civil teria, inicialmente, outra consequência: a nomeação de um titular com esse perfil.
Ocorre que, mesmo nesse desenho, Antonio Palocci ainda se interessa pelo cargo. Outra possibilidade para a vaga é Maria das Graças Foster, diretora da Petrobras.
Dilma voltará da viagem à Coreia do Sul amanhã. Ela desembarca em São Paulo, onde se reunirá com seus coordenadores Antonio Palocci, José Eduardo Dutra e José Eduardo Cardozo.


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