|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Entrevistas no "JN" viram munição para campanhas
Petistas dizem que perguntas feitas a Serra foram mais fáceis; tucanos questionam ausência de citação ao mensalão para Dilma
ANA FLOR
DE SÃO PAULO
A participação dos candidatos no "Jornal Nacional",
da TV Globo, serviu de munição para as duas principais
campanhas presidenciais.
Enquanto petistas acusaram os apresentadores de terem dirigido perguntas mais
fáceis a José Serra (PSDB) do
que a Dilma Rousseff, aliados do tucano questionaram
a falta de menção ao escândalo do mensalão, de 2005,
na entrevista de Dilma.
Na noite de quarta, logo
após a entrevista de José Serra, o presidente do PTB e aliado, Roberto Jefferson, postou
em seu Twitter que os apresentadores foram "mais amenos" com o tucano. "Facilitaram para o meu candidato",
escreveu ele.
A frase do petebista, citado
na entrevista por sua participação no mensalão -escândalo que denunciou e na esteira do qual acabou tendo o
mandato de deputado cassado-, foi utilizada pelos petistas para aumentar o tom dos
ataques ao programa.
"Jornalismo de baixíssima
qualidade", disse o coordenador de comunicação da
campanha petista, deputado
estadual Rui Falcão (PT-SP),
que criticou a falta de perguntas ao tucano sobre o
mensalão do DEM, partido
do vice de Serra, Indio da
Costa (RJ).
"Os próprios apoiadores
do Serra reconhecem que os
entrevistadores foram "amenos'", afirmou o secretário-geral do PT, José Eduardo
Cardozo (PT-SP).
Na terça-feira à noite, o
presidente Lula havia dito
em discurso, em Belo Horizonte, que esperava "mais
gentileza" do apresentador,
William Bonner, com a petista. A fala foi uma autorização
para que os apoiadores da
candidata passassem a criticar a entrevista.
Até então, eles evitavam
comentar o tom das perguntas à petista, a primeira a ser
sabatinada no "JN", e se concentravam em elogiar o desempenho da candidata.
O presidente do PT, José
Eduardo Dutra, criticou a
afirmação de Serra de que ele
não permitiria deputados indicando cargos. "Para mim,
não tem grupinho de deputado indicando diretor financeiro de uma empresa ou diretor de compras de outra",
afirmou o candidato.
Dutra citou no Twitter nomes de tucanos e aliados do
PSDB que, segundo ele, ocuparam cargos públicos ou em
empresas estatais na era FHC
(1995-2002) e na gestão de
Serra em São Paulo.
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, defendeu Roberto Jefferson, afirmando que
ele é "um companheiro de
valor". "Ele cumpriu seu papel no mensalão", afirmou.
Aliado de Serra, o presidente do PPS, Roberto Freire,
disse via Twitter que o tucano também respondeu a perguntas "duras" e que faltou
questionar, na entrevista a
Dilma, sobre o mensalão de
2005 -tanto Serra quanto
Marina Silva (PV) responderam sobre o tema.
Até mesmo a candidata
verde foi citada pelas campanhas concorrentes. Segundo
Falcão, os apresentadores
tentaram "usar Marina de escada" para criticar o PT.
Marina foi questionada sobre sua permanência no partido e no governo, como ministra do Meio Ambiente,
após o mensalão. Ela só mudou para o PV mais tarde, ao
deixar o ministério.
O Ibope só divulgou o PNT
(Painel Nacional de Televisão) do "JN" de segunda e de
terça, quando foram entrevistadas Dilma e Marina.
Na segunda, foram 34 pontos de média de audiência
com 54% de share (participação entre os televisores ligados). Na terça-feira, foram 33
pontos com 53% de share.
Segundo a Globo, os números mostram que o "JN" atingiu, em média, 29,5 milhões
de espectadores por minuto
na segunda e na terça-feira.
Texto Anterior: Socialista quer taxar fortuna, mas tem R$ 1,7 mi aplicado Próximo Texto: Frases Índice
|