São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2010

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Entrevistas no "JN" viram munição para campanhas

Petistas dizem que perguntas feitas a Serra foram mais fáceis; tucanos questionam ausência de citação ao mensalão para Dilma

ANA FLOR
DE SÃO PAULO

A participação dos candidatos no "Jornal Nacional", da TV Globo, serviu de munição para as duas principais campanhas presidenciais.
Enquanto petistas acusaram os apresentadores de terem dirigido perguntas mais fáceis a José Serra (PSDB) do que a Dilma Rousseff, aliados do tucano questionaram a falta de menção ao escândalo do mensalão, de 2005, na entrevista de Dilma.
Na noite de quarta, logo após a entrevista de José Serra, o presidente do PTB e aliado, Roberto Jefferson, postou em seu Twitter que os apresentadores foram "mais amenos" com o tucano. "Facilitaram para o meu candidato", escreveu ele.
A frase do petebista, citado na entrevista por sua participação no mensalão -escândalo que denunciou e na esteira do qual acabou tendo o mandato de deputado cassado-, foi utilizada pelos petistas para aumentar o tom dos ataques ao programa.
"Jornalismo de baixíssima qualidade", disse o coordenador de comunicação da campanha petista, deputado estadual Rui Falcão (PT-SP), que criticou a falta de perguntas ao tucano sobre o mensalão do DEM, partido do vice de Serra, Indio da Costa (RJ).
"Os próprios apoiadores do Serra reconhecem que os entrevistadores foram "amenos'", afirmou o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo (PT-SP).
Na terça-feira à noite, o presidente Lula havia dito em discurso, em Belo Horizonte, que esperava "mais gentileza" do apresentador, William Bonner, com a petista. A fala foi uma autorização para que os apoiadores da candidata passassem a criticar a entrevista.
Até então, eles evitavam comentar o tom das perguntas à petista, a primeira a ser sabatinada no "JN", e se concentravam em elogiar o desempenho da candidata.
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, criticou a afirmação de Serra de que ele não permitiria deputados indicando cargos. "Para mim, não tem grupinho de deputado indicando diretor financeiro de uma empresa ou diretor de compras de outra", afirmou o candidato.
Dutra citou no Twitter nomes de tucanos e aliados do PSDB que, segundo ele, ocuparam cargos públicos ou em empresas estatais na era FHC (1995-2002) e na gestão de Serra em São Paulo.
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, defendeu Roberto Jefferson, afirmando que ele é "um companheiro de valor". "Ele cumpriu seu papel no mensalão", afirmou.
Aliado de Serra, o presidente do PPS, Roberto Freire, disse via Twitter que o tucano também respondeu a perguntas "duras" e que faltou questionar, na entrevista a Dilma, sobre o mensalão de 2005 -tanto Serra quanto Marina Silva (PV) responderam sobre o tema.
Até mesmo a candidata verde foi citada pelas campanhas concorrentes. Segundo Falcão, os apresentadores tentaram "usar Marina de escada" para criticar o PT.
Marina foi questionada sobre sua permanência no partido e no governo, como ministra do Meio Ambiente, após o mensalão. Ela só mudou para o PV mais tarde, ao deixar o ministério.
O Ibope só divulgou o PNT (Painel Nacional de Televisão) do "JN" de segunda e de terça, quando foram entrevistadas Dilma e Marina.
Na segunda, foram 34 pontos de média de audiência com 54% de share (participação entre os televisores ligados). Na terça-feira, foram 33 pontos com 53% de share. Segundo a Globo, os números mostram que o "JN" atingiu, em média, 29,5 milhões de espectadores por minuto na segunda e na terça-feira.


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