São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2010

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Acusado enriquece com contratos no AP

Após negócios públicos milionários, pivô de suposta fraude construiu parque aquático e comprou imóveis e carros

Para Promotoria, dono de firma de segurança, pagava "mensalinho" a ex-secretário; contratos são legais, disse defesa

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A MACAPÁ (AP)

Um dos pivôs dos suposto esquema de desvios de recursos públicos no Amapá, o empresário Alexandre Gomes de Albuquerque usou ganhos de sua empresa de vigilância -que mantém contratos com diversos órgãos do Estado- para prosperar como empresário, construir um parque aquático, comprar imóveis e carros de luxo.
Assim como o governador Pedro Paulo Dias (PP) e o ex-governador Waldez Góes (PDT), ele foi preso pela Polícia Federal na última sexta na Operação Mãos Limpas.
A empresa dele, a Amapá Vip, foi contratada irregularmente pela Secretaria da Educação por R$ 2,6 milhões mensais, segundo o Ministério Público Estadual, que viu superfaturamento.
Em troca, disse a Promotoria com base em depoimentos de um servidor, parte desse dinheiro voltava na forma de um "mensalinho" de até R$ 100 mil para o ex-titular da pasta Adauto Bitencourt, ex-coordenador de campanha de Góes e também preso.
De acordo com a PF, esses desvios de recursos para Educação foram o "modelo" que os investigados usaram para implantar o suposto esquema em outros órgãos.
Arrecadando milhões por mês, há pouco mais de um ano Albuquerque resolveu investir num excêntrico parque aquático, em um bairro pobre de Macapá.
Chamado, segundo o vigia do local, Amapá Park, o local foi apelidado de "Cabeção".
O motivo é que, para entrar no parque, os carros têm de passar pela "boca" de uma escultura na forma da cabeça de um leão. O parque deveria ser inaugurado após as eleições, mas a data deve adiada.
Outra fonte de lucro de Albuquerque é uma empresa chamada Delta Administração, Comércio e Serviços Ltda., que funciona no mesmo local da Amapá VIP. Segundo um funcionário da empresa de vigilância, a Delta presta "serviços gerais".
Segundo o Portal da Transparência, do governo federal, em 2009, a empresa ganhou R$ 1 milhão num programa para "erradicação da mosca da carambola".
O gestor estadual do dinheiro foi a Superintendência de Agricultura e Pecuária, que, segundo a PF, é suspeito de participar de fraudes.
Albuquerque também costuma desfilar em Macapá em carros de luxo -já foi visto numa Ferrari e numa BMW.
A empresa de segurança de Albuquerque mantinha contrato, até ao menos 31 de julho, com o próprio Ministério Público Federal do Amapá, que investiga o esquema de corrupção. Em junho, a Amapá Vip recebeu, pelo contrato, R$ 21.362, 87.
A Folha não localizou o advogado do empresário. Ele já havia afirmado que os contratos públicos são legais.


Colaborou JOÃO PAULO GONDIM, de são Paulo


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