|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Partidos bancam "puxadores" de votos
Distribuição de recursos financeiros aponta quem são os candidatos nos quais as siglas mais apostam na eleição
Dirigentes partidários também são tratados com distinção na hora do repasse financeiro para as campanhas
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
Na hora de distribuir dinheiro para as campanhas de
seus candidatos a deputado,
os partidos dão prioridade
aos "puxadores" de votos
das legendas e aos próprios
dirigentes partidários.
Ricardo Berzoini (ex-presidente nacional do PT), Valdemar Costa Neto (ex-presidente nacional do PR), Paulo
Pereira da Silva (presidente
estadual do PDT) e José Luiz
Penna (presidente nacional
do PV) são exemplos de dirigentes políticos que recebem
dinheiro de seus partidos para fazer campanha.
Tiririca (PR), Mara Gabrilli
(PSDB) e Protógenes Queiroz
(PC do B) fazem parte da lista
de potenciais puxadores de
votos que são bancados por
suas legendas.
O "puxador" de votos, no
jargão político, é o candidato
com potencial para obter
uma grande votação e ajudar
a eleger outros candidatos do
mesmo partido ou coligação.
No Brasil, parlamentares
são eleitos a partir de um cálculo que leva em conta todos
os votos da legenda, não apenas sua própria votação. Daí
a importância do "puxador".
A Folha fez o ranking dos
maiores recebedores de recursos dos partidos a partir
das prestações de contas dos
candidatos a deputado federal de São Paulo divulgadas
nesta semana pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral),
que leva em conta os dois primeiros meses da campanha.
Dos partidos consultados,
apenas o PV assumiu que opta por dar dinheiro para as
campanhas de seus próprios
dirigentes. Outras legendas
se negarem a dizer quais são
os critérios adotados para a
distribuição de recursos.
A destinação de recursos
dos partidos para os gastos
nas campanhas de deputado, em muitos casos, é uma
artimanha adotada por empresas para fugir da exposição a que se submete um
doador de campanha.
É o que os partidos chamam de "doação oculta": a
empresa dá dinheiro para o
partido, que repassa à campanha do candidato que conseguiu o recurso.
Assim, no momento da divulgação dos doadores, depois da eleição, a empresa
não é vinculada diretamente
ao político que recebeu o dinheiro, já que houve uma
triangulação (empresa, partido, candidato).
Em outros casos, porém, o
dinheiro é mesmo parte do
caixa da legenda, formado
inclusive pelo fundo partidário -recurso distribuído pelo
governo para a administração dos partidos políticos.
O PT, por exemplo, deu dinheiro do fundo partidário
para Berzoini, Renato Simões e Vicente Candido.
Penna (PV), Arnaldo Faria
de Sá (PTB) e Mara Gabrilli
(PSDB) também receberam
doações do fundo partidário.
O PV optou por distribuir
"o pouco recurso que tem"
entre os membros de seu diretório nacional", disse Mauricio Brusadin, presidente estadual do partido.
"A Executiva nacional está
dando ajuda para os dirigentes nacionais, que perdem
muito tempo trabalhando
pelo partido e não têm tanto
tempo para se dedicar às
suas próprias campanhas",
afirmou Brusadin.
O PR e o PSDB não quiseram falar sobre o tema.
"Seria um desserviço ao
partido revelar publicamente
o plano de investimento ou
outros aspectos que constem
da estratégia eleitoral do PR
para 2010. Tal iniciativa ofereceria vantagem indesejável
aos adversários na disputa
pelo voto", disse o partido
em nota enviada à Folha.
O PT de São Paulo disse
que não há distribuição de
recursos do partido aos seus
candidatos, apenas doação
de material. O dinheiro repassado aos candidatos saiu
do diretório nacional do partido, que não se manifestou.
Texto Anterior: Toda Mídia - Nelson de Sá: Marcas Próximo Texto: Netinho tenta retirar tempo do PSDB, mas perde Índice | Comunicar Erros
|