São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2010

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Partidos bancam "puxadores" de votos

Distribuição de recursos financeiros aponta quem são os candidatos nos quais as siglas mais apostam na eleição

Dirigentes partidários também são tratados com distinção na hora do repasse financeiro para as campanhas

EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

Na hora de distribuir dinheiro para as campanhas de seus candidatos a deputado, os partidos dão prioridade aos "puxadores" de votos das legendas e aos próprios dirigentes partidários.
Ricardo Berzoini (ex-presidente nacional do PT), Valdemar Costa Neto (ex-presidente nacional do PR), Paulo Pereira da Silva (presidente estadual do PDT) e José Luiz Penna (presidente nacional do PV) são exemplos de dirigentes políticos que recebem dinheiro de seus partidos para fazer campanha.
Tiririca (PR), Mara Gabrilli (PSDB) e Protógenes Queiroz (PC do B) fazem parte da lista de potenciais puxadores de votos que são bancados por suas legendas.
O "puxador" de votos, no jargão político, é o candidato com potencial para obter uma grande votação e ajudar a eleger outros candidatos do mesmo partido ou coligação.
No Brasil, parlamentares são eleitos a partir de um cálculo que leva em conta todos os votos da legenda, não apenas sua própria votação. Daí a importância do "puxador".
A Folha fez o ranking dos maiores recebedores de recursos dos partidos a partir das prestações de contas dos candidatos a deputado federal de São Paulo divulgadas nesta semana pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que leva em conta os dois primeiros meses da campanha.
Dos partidos consultados, apenas o PV assumiu que opta por dar dinheiro para as campanhas de seus próprios dirigentes. Outras legendas se negarem a dizer quais são os critérios adotados para a distribuição de recursos.
A destinação de recursos dos partidos para os gastos nas campanhas de deputado, em muitos casos, é uma artimanha adotada por empresas para fugir da exposição a que se submete um doador de campanha.
É o que os partidos chamam de "doação oculta": a empresa dá dinheiro para o partido, que repassa à campanha do candidato que conseguiu o recurso.
Assim, no momento da divulgação dos doadores, depois da eleição, a empresa não é vinculada diretamente ao político que recebeu o dinheiro, já que houve uma triangulação (empresa, partido, candidato).
Em outros casos, porém, o dinheiro é mesmo parte do caixa da legenda, formado inclusive pelo fundo partidário -recurso distribuído pelo governo para a administração dos partidos políticos.
O PT, por exemplo, deu dinheiro do fundo partidário para Berzoini, Renato Simões e Vicente Candido.
Penna (PV), Arnaldo Faria de Sá (PTB) e Mara Gabrilli (PSDB) também receberam doações do fundo partidário.
O PV optou por distribuir "o pouco recurso que tem" entre os membros de seu diretório nacional", disse Mauricio Brusadin, presidente estadual do partido.
"A Executiva nacional está dando ajuda para os dirigentes nacionais, que perdem muito tempo trabalhando pelo partido e não têm tanto tempo para se dedicar às suas próprias campanhas", afirmou Brusadin.
O PR e o PSDB não quiseram falar sobre o tema.
"Seria um desserviço ao partido revelar publicamente o plano de investimento ou outros aspectos que constem da estratégia eleitoral do PR para 2010. Tal iniciativa ofereceria vantagem indesejável aos adversários na disputa pelo voto", disse o partido em nota enviada à Folha.
O PT de São Paulo disse que não há distribuição de recursos do partido aos seus candidatos, apenas doação de material. O dinheiro repassado aos candidatos saiu do diretório nacional do partido, que não se manifestou.


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