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FOCO
Câmara vai redecorar cozinha e sala de jantar dos deputados
RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
No mesmo momento em
que ganha força a pressão
por reajuste dos congressistas, a Câmara lançou editais
para renovar a mobília de 144
apartamentos funcionais.
Ao custo estimado de
R$ 3,6 milhões, a Casa abre
nos próximos dias 24 e 25 as
propostas para aquisição de
geladeiras duplex "frost
free", camas "king-size" e
mobília completa para sala
de jantar, entre outros itens.
O custo de cada uma das
1.470 cadeiras das salas de
jantar, por exemplo, varia de
R$ 553 a R$619. O de cada um
dos 144 refrigeradores é de
R$ 2.602. Já o bufê da sala de
jantar tem o preço estimado
em R$ 2.510 por unidade.
A Câmara possui 432 imóveis funcionais na região
central de Brasília, com 225
metros quadrados e três
quartos. Apesar disso, apenas cerca de 240 estão sendo
usados pelos deputados.
Os outros congressistas,
mesmo os do Distrito Federal, recebem auxílio-moradia
de R$ 3.000 ao mês. A Câmara tem 513 deputados.
O destino da nova mobília
a ser adquirida são os 144
apartamentos que a Câmara
está reformando, ao custo total de R$ 47 milhões, com
previsão de término para junho do ano que vem.
IRREGULARIDADES
Nos últimos anos, a Mesa
Diretora da Câmara chegou a
discutir um projeto de venda
dos imóveis, após suspeitas
de irregularidades na administração e de desperdício de
dinheiro público.
Uma das principais críticas é a de que historicamente
cerca de 50% dos imóveis ficam vazios, em processo de
deterioração, com custos de
manutenção mensais, enquanto a Casa paga auxílio-moradia para deputados.
Além disso, o Ministério
Público ingressou com ações
de improbidade pelo fato de
haver ex-deputados e familiares ocupando os imóveis,
situação que é irregular.
DESPERDÍCIO
Em 2009, o TCU (Tribunal
de Contas da União) aprovou
acórdão afirmando que a Câmara desperdiçava recursos
públicos ao realizar "vultosos gastos de manutenção e
reforma dos imóveis funcionais ociosos simultaneamente à realização de elevadas
despesas de pagamento de
auxílio-moradia".
Entre as constatações do
TCU, à época, estava a de que
a manutenção dos imóveis
havia ficado em R$ 31 milhões entre 2004 e 2008, apesar de 45% dos apartamentos
estarem desocupados.
A assessoria de imprensa
da Câmara afirmou que a renovação da mobília é necessária porque a atual estaria
em estado de deterioração.
Argumenta ainda que,
após a conclusão das reformas dos 144 apartamentos,
será possível economizar cerca de R$ 5 milhões, ao ano,
atualmente destinados ao
auxílio-moradia.
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