São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE

Líderes tucanos miram públicos distintos para voltar ao poder

LUIZ GUILHERME PIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O PSDB tem muitos autores. Mas anda à busca de personagens e de público. São três derrotas na eleição para presidente: 2002, 2006 e 2010. Nesses mesmos anos, o partido venceu as eleições para governador em MG e SP -e neles residem seus principais autores: FHC, Serra e Alckmin, na trupe paulista; e Aécio, solista mineiro. Há um grande problema.
Lula construiu enorme popularidade e elegeu Dilma com base, sobretudo, em apoio quase maciço dos setores populares. A melhoria de emprego, de renda, de consumo e de crédito promoveu a ascensão de milhões de brasileiros. E a popularidade de Dilma, neste início de mandato, é alta.
O principal teórico do PSDB, o ex-presidente FHC, apresentou seu roteiro. Dilma não perderá o apoio do povão. Portanto, o PSDB, em vez de buscar o apoio popular, tem que impedir que ela conquiste a classe média -até porque o discurso tucano sempre agradou muito mais a maioria da crítica do que a maioria do público.
Mas Alckmin, que foi candidato a presidente em 2006 e quer encarnar o personagem em 2014, escreve uma outra peça. Acredita que Dilma não manterá o apoio do povão -por falta de carisma, de discurso e de condições econômicas.
Propõe, então, e implanta, como o programa anunciado, ir aonde o povo está, brigando com o PT na faixa de eleitores que falta ao PSDB.
Serra, que foi candidato a presidente em 2002 e 2010 e quer o papel de novo em 2014, e Aécio, de olho no mesmo personagem, vão em outra linha, mas divergem entre si.
Aécio investe em ser um continuador do lulismo, sem criticar nem elogiar demais.
Serra adotou outro figurino: críticas duras ao governo para tentar crescer pelo contraste.
O PT, porém, confiando na fidelidade dos pagantes, parece não se importar com os roteiros dos líderes tucanos.
Se em 2014 Dilma não mantiver a popularidade, Lula voltará ao palco com chance de vitória para presidente. Se Dilma estiver bem, será a candidata, também com chance. Nos dois casos, os autores tucanos seguiriam falando sozinhos.

LUIZ GUILHERME PIVA, economista e cientista político, é diretor da LCA Consultores. Publicou "A Miséria da Economia e da Política" (Manole).


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Governo vê preços fora da meta em maio
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.