São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 2011

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Marina dá ultimato e ameaça sair do PV

Ex-senadora aumenta pressão para trocar cúpula do partido; para aliado, "só milagre" evitará debandada verde

"Marineiros" voltam a falar abertamente na criação de sigla para abrigá-la; decisão deve sair até o fim de junho

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

A ex-senadora Marina Silva deu um ultimato à direção do PV e retomou a ameaça de deixar o partido caso o presidente José Luiz Penna não aceite abrir mão do cargo, que ocupa há 12 anos.
Aliados voltaram a falar abertamente na criação de uma nova legenda para abrigá-la numa nova candidatura ao Planalto em 2014.
Ela aumentou a pressão sobre os dirigentes verdes, numa última ofensiva para tentar assumir o controle da sigla antes das eleições municipais do ano que vem.
Segundo assessores, a ex-presidenciável deve esperar até o fim do mês para decidir se permanece ou não no PV.
"Está na mão dessas pessoas decidir o que querem fazer e para onde vamos", avisou ela ontem, em São Paulo.
Marina acusou os dirigentes do partido de promover um "expurgo" contra seus aliados, mas não confirmou a intenção de criar uma nova legenda. "O PV está com toda a possibilidade de ser esse novo partido", disse.
Ela voltou a evocar seu desempenho na corrida presidencial para defender a troca de comando na legenda.
"[Tive] quase 20 milhões de votos. É muita responsabilidade para continuamos achando que dá para ficarem as mesmas pessoas nos mesmos cantinhos", afirmou.
A crise no PV se arrasta desde o segundo turno de 2010, quando Marina forçou a sigla a se manter neutra e vetou a negociação de aliança com José Serra (PSDB).
Em março, a Folha revelou sua ameaça de deixar a sigla depois que a Executiva Nacional, controlada por Penna, prorrogou seu mandato por mais um ano.
A ex-senadora se dedicou à disputa interna nos últimos três meses, mas não conseguiu minar o poder do rival.
Os "marineiros" começaram a discutir uma resposta na semana passada, mas ainda não chegaram a um consenso. O coordenador da campanha presidencial, João Paulo Capobianco, disse considerar remota a chance de acordo para ficar no PV.
"Aparentemente, os canais de discussão com o partido se esgotaram. A avaliação está madura, e a solução deve ser rápida. Mas o martelo ainda não foi batido."
O presidente do PV-SP, Maurício Brusadin, afirmou que "só um milagre" fará Penna recuar e atender às reivindicações de Marina.
"O PV virou refém do "peemedebismo", apoia qualquer governo para ter acesso aos recursos públicos", criticou.
Também aliado de Marina, o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) defendeu que a ex-senadora permaneça no partido pelo menos até as eleições municipais. "Ainda podemos lutar para mudar as coisas no PV", disse.
Penna não quis falar. Segundo um aliado, ele estuda dissolver hoje o diretório paulista, ligado a Marina, o que agravaria a luta interna.


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