São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

No governo FHC, Serra foi criticado por privatizar pouco

Líder do DEM reclamou de lentidão do então ministro na venda de empresas

GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

Embora o governo FHC tenha sido de fato mais privatista que o de Lula, como prega a campanha de Dilma Rousseff, a breve passagem de José Serra pelo comando do programa de desestatização teve resultados aquém do esperado e recebeu críticas de aliados e empresários que viam lentidão na venda de empresas estatais.
Serra foi ministro do Planejamento e responsável pelas privatizações de janeiro de 1995 até maio de 1996. No período, o governo se desfez do controle de apenas duas empresas -a maior delas, a Light, dez dias antes de o tucano deixar o cargo para uma candidatura derrotada à Prefeitura de São Paulo.
Para o primeiro ano, estava prevista uma receita de US$ 4 bilhões com a venda de estatais e participações minoritárias do Tesouro Nacional em companhias privadas, mas só US$ 1 bilhão foi obtido devido aos atrasos na Light e no Banco Meridional, só vendido dois anos depois.
O desempenho motivou pressões para que o comando do programa saísse das mãos de Serra. O PFL, atual DEM, passou a defender a criação de um ministério exclusivo para a privatização: "O Serra demorou mais de cem dias para decidir mandar a lei", queixava-se o então presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), sobre o projeto que viabilizou a venda da Light.
Em público, argumentava-se que o Planejamento estava sobrecarregado; em reserva, alimentava-se a desconfiança quanto a uma suposta tendência estatista do ministro. Em entrevista em 2009, FHC procurou desfazer essa imagem associada a Serra.
Ao menos na retórica, Serra foi um defensor do programa de privatização, que começou em 1991, com Collor, e chegou ao auge na segunda metade da primeira administração tucana, com as vendas da Vale do Rio Doce e do Sistema Telebrás.
Circunstâncias econômicas e preferências ideológicas estiveram em choque ao longo desse período. Defensor das estatais, Itamar Franco vendeu o controle de nove empresas e suas subsidiárias nos pouco mais de dois anos em que esteve no Planalto, incluindo CSN e Embraer.
FHC praticamente encerrou o programa em seu segundo mandato, quando privatizou apenas uma empresa de pequeno porte, a Datamec, e três bancos que pertenciam a governos estaduais e haviam sido entregues ao Tesouro em acordos de renegociação de dívidas.
Em seu primeiro governo, Lula vendeu ao Bradesco dois outros bancos regionais federalizados, os do Ceará e do Maranhão. Outro banco remanescente, o catarinense Besc, acabou sendo incorporado ao Banco do Brasil -assim como a Nossa Caixa, Nosso Banco, única estatal vendida por José Serra à frente do governo paulista.


Texto Anterior: Aécio, Anastasia e Itamar assinarão carta por tucano
Próximo Texto: Indio se diz favorável à união civil homossexual
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.