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Empresário diz à PF que se encontrou com Erenice
Reunião teria sido na Casa Civil, que nega a participação da ex-ministra
A PF decidiu prorrogar a investigação, sem prazo para acabar; ainda não está definido quando a ex-ministra vai depor
ANDREZA MATAIS
RUBENS VALENTE
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA
Mais um empresário confirmou encontro com a ex-ministra Erenice Guerra na
Casa Civil, o que contradiz
versão do governo e corrobora denúncia de que um esquema de lobby era operado
dentro da pasta na época em
que era comandada pela candidata do PT à sucessão presidencial, Dilma Rousseff.
A Folha teve acesso aos 12
depoimentos prestados até
agora no inquérito que investiga tráfico de influência na
Casa Civil, tratado como sigiloso pela Polícia Federal.
Aldo Wagner, sócio da
EDRB, disse à PF que Erenice
participou da reunião em 10
de novembro, quando foi
apresentado o projeto na
área de energia solar da empresa. "Essa reunião durou
cerca de 1h15, sendo que Erenice Guerra nela permaneceu por 45 minutos."
Segundo Wagner, depois
dessa reunião a empresa de
lobby do filho de Erenice
apareceu para viabilizar o
negócio com um empréstimo
do BNDES mediante pagamento de "taxa de sucesso".
A reunião confirmada agora por Wagner foi citada pelo
consultor Rubnei Quícoli em
entrevista à Folha em setembro, que resultou na saída da
então ministra do cargo.
Na ocasião, a assessoria de
imprensa da Casa Civil disse
que Erenice não participou
do encontro. A pasta reiterou
ontem a mesma resposta: "A
audiência foi pedida inicialmente com a secretária-executiva, mas, por incompatibilidade de agenda, foi conduzida pelo então assessor
especial e atual chefe de gabinete da Casa Civil", informou a assessoria à época.
Wagner disse que Vinícius
Castro, então assessor da Casa Civil e parceiro do filho de
Erenice na empresa de lobby,
estava na reunião. A Casa Civil nega: "Ele nunca participou de nenhuma audiência".
Ontem a PF decidiu prorrogar a investigação. Ainda
não está definido quando
Erenice vai depor.
À PF o consultor Quícoli
reafirmou a presença de Erenice na reunião. Disse ainda
que o nome da então ministra Dilma era usado pelo esquema de lobby como garantia do negócio. Segundo ele,
Dilma era chamada de "grande dama" por Marco Antonio
Oliveira, diretor dos Correios
até junho e tio de Vinícius.
Quícoli disse à PF que, para viabilizar o empréstimo,
Oliveira lhe pediu R$ 5 milhões "para saldar débitos
particulares de Erenice Guerra e de Dilma Russef [sic]". A
PF perguntou se Dilma e Erenice sabiam do esquema: "O
depoente acredita que Erenice Guerra tinha conhecimento dos fatos. Que nada pode
afirmar sobre eventual conhecimento ou participação
de Dilma Russef [sic]", disse.
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