|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Correios usam crise para fazer gastos sem licitação
Direção autorizou contratações de R$ 5,4 milhões em quatro Estados
Plano emergencial devia ter sido extinto depois que foi tomada a decisão de prorrogar contratos de agências franqueadas
LEILA COIMBRA
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
O esvaziamento dos Correios, que provocou uma crise na instituição, tem sido
usado como justificativa pela
estatal para contratações
com dispensa de licitação
que somam R$ 5,4 milhões.
Em quatro Estados -Acre,
Ceará, Mato Grosso e Pará-,
a direção nacional da estatal
autorizou a contratação
emergencial de empresas
fornecedoras de mão de obra
temporária e o aluguel de
imóveis para a instalação de
agências, sob o pretexto de
evitar um apagão postal.
Essas contratações estão
sendo feitas como parte de
um plano emergencial que
deveria ter sido extinto após
a publicação de uma medida
provisória que prorrogou os
contratos das agências franqueadas dos Correios por
mais sete meses.
Os contratos de quase
1.500 franquias venceriam
em 10 de novembro e, para
evitar o caos, os Correios elaboraram um plano de contingência que previa a contratação de pessoal de forma temporária e aluguel de imóveis
e carros para a entrega de
correspondências.
Mas este plano deveria ter
sido abortado com a publicação da MP, em 14 de outubro.
Os contratos sem licitação
são feitos pelas diretorias regionais, ocupadas em sua
maioria por indicados políticos, mas com autorização da
direção nacional.
No Pará, o diretor Carlos
Roberto D'Ippolito foi indicado pelo deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA).
D'Ippolito é funcionário de
carreira e foi assessor de
Maurício Marinho, pivô do
escândalo do mensalão, na
diretoria de Operações dos
Correios. Ele estava no cargo
quando a imprensa divulgou
vídeo de Marinho recebendo
propina dentro do gabinete.
Neste ano, a diretoria no
Pará contratou R$ 1,35 milhão com dispensa de licitação. Questionado se havia
deficit de pessoal que justificasse a contratação de mão
de obra, D'Ippolito afirmou:
"Falta um bocado de gente".
DEMISSÕES
A justificativa dada pela
diretoria da estatal é que
existe um deficit de pessoal
devido a um PDV (Plano de
Desligamento Voluntário)
realizado no passado e que
os Correios realizaram a entrega de provas do Enem
(Exame Nacional do Ensino
Médio) e de livros escolares.
No PDV, saíram 2,7% dos
funcionários. Há um ano, está parado o concurso público
para preencher 6.565 vagas.
Colaborou JOÃO CARLOS MAGALHÃES,
de Belém
Texto Anterior: Janio de Freitas: Manobras no ar Próximo Texto: Elio Gaspari: A mosca do Planalto e as redes de TV Índice | Comunicar Erros
|