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ELIO GASPARI
A mosca do Planalto e as redes de TV
Silvio Santos fez o que ninguém fez e botou seu patrimônio, inclusive o
SBT, no pano verde
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AQUILO QUE pareceu uma má notícia no mercado financeiro virou
uma novidade do mundo das comunicações. O empresário Silvio Santos, com um rombo de R$ 2,5 bilhões
no banco PanAmericano, contou à
repórter Mônica Bergamo que uma
das maiores redes de televisão brasileira está à venda.
Vale relembrar que no início do
governo de Nosso Guia chegou ao
Planalto um boato segundo o qual
haveria empresários interessados
no SBT, e ele disse: "Não dá pra gente comprar?"
Quem é "a gente", não se sabe,
mas é possível que "a gente" tenha
influenciado a Caixa na compra, por
R$ 1,4 bilhão, de um buraco de R$
2,4 bilhões do PanAmericano.
Silvio Santos frustrou as intenções de atravessadores que gorjeavam soluções capazes de contornar
o problema do PanAmericano.
Na manhã de quinta-feira, o empresário Eike Batista anunciou que
poderia estar interessado no SBT. À
tarde, desmentiu.
A ideia de que "a gente" precisa
controlar uma rede de televisão está
nas asas das moscas que vivem no
Planalto. Em 1981, depois da falência da Rede Tupi, a Editora Abril habilitou-se para comprar a emissora
e estava na reta de chegada quando
foi abatida pelo tiro da desconfiança política. Ele partiu do general
Otávio Medeiros, chefe do Serviço
Nacional de Informações. Silvio
Santos levou a Tupi.
REZANDO PRA XANGÔ, O ENEM DE 2011 IRÁ BEM
Nosso Guia disse bem a respeito da
catástrofe do Enem: "Se for necessário fazer uma prova, faremos. Se for
necessário fazer duas, faremos. Se for
necessário fazer três, faremos, mas o
Enem continuará a ser fortalecido".
No seu sentido literal, Lula fez mais
uma bravata. O Inep e seus educatecas não têm capacitação para organizar uma prova, muito menos três.
Para fortalecer o Enem, a doutora
Dilma precisa aprender a lição: um
MEC de burocratas-companheiros
que mandam "A" fazer uma coisa, sabendo que disso resultará uma ordem
para "B" e outra para "C", só produzirá novos desastres.
O MEC comprou a aposta do fracasso em abril do ano passado, um
mês depois de lançar o Enem/Vestibular, quando anunciou que só realizaria uma prova. Prometera duas. Os
educatecas sabiam que com isso
mantinham os estudantes sob a velha
tensão do vestibular. Se as provas fossem duas, a tensão seria diluída. Esqueceram-se de que concentravam a
probabilidade do próprio fracasso.
À época, disseram que em 2010 as
provas seriam duas. Recuaram e repetiram o erro.
Para apressar a prova de 2009, o
Inep reduziu todos os prazos de elaboração e impressão das provas. Neste ano, apressaram o treinamento dos
fiscais.
Em maio do ano passado, o MEC
disse que a Polícia Federal cuidaria a
segurança do exame. Isso foi feito à la
educateca: O Inep mandou um ofício
à PF, recebeu de volta outro, informando que ela não estava capacitada nem autorizada para a tarefa. Em
vez de ligar o alarme, arquivaram o
ofício da PF.
Nenhum dos dois exames naufragou por conta de orientações pedagógicas. Todas as ruínas decorreram de
erros logísticos porque "A" (o MEC)
deu uma ordem para "B" (o Inep) que
contratou "C" (os consócios Connasel
e Cespe/ Cesgranrio) e todos acharam
que o assunto estava resolvido.
O erro básico de 2009 foi o abandono da segunda prova. Agora, juntaram outro, que continua encravado. A
realização da prova em papel é arriscada, megalomaníaca e anacrônica.
Se o MEC e o Inep começarem a
trabalhar amanhã, em 2011 poderão
ser realizados no mínimo dois exames, on-line. Basta copiar o sistema
do exame Toefl americano e expandir
o banco de questões de 10 mil para,
no mínimo, 100 mil.
Para isso, será necessário seguir a
"oração pra Xangô" proposta por
Carlos Lyra e Vinicius de Moraes:
"Pra pôr pra trabalhar, gente que
nunca trabalhou".
DEMOFOBIA
O prefeito do Rio de Janeiro,
Eduardo Paes, continua desconfortável com o povo da cidade em que
vive.
Criou um Bilhete Único de ônibus
com duas horas de validade e descobriu-se que o benefício é inútil para pessoas que consomem o tempo
da tarifa numa só perna da viagem.
É impossível ir de Bangu ou de Realengo ao centro em duas horas
quando há muito trânsito.
A primeira reação do doutor
Eduardo foi de ensinar: "Às vezes a
pessoa está acostumada a pegar
uma determinada linha. Ela tem
que ver que pode pegar outras linhas que a levarão ao mesmo destino".
Ou seja, a lentidão do trânsito do
Rio é um problema irrelevante e o
prazo exíguo do cartão é despiciendo, pois o problema está numa patuleia que não sabe andar de ônibus.
Em São Paulo, o Bilhete Único
dura três horas, serve para quatro
viagens e tem uma tarifa integrada
à rede de trilhos. No Rio, a prefeitura ainda não conseguiu se entender
com a SuperVia nem com o Metrô,
joias da privataria dos anos 90.
CLERO E FARDÃO
Com a morte do padre Fernando
Bastos de Ávila, abriu-se uma vaga
na Academia Brasileira de Letras.
Ele foi antecedido por dois religiosos e um setor tradicionalista sustenta que o novo acadêmico deveria sair dos quadros da igreja. O
cardeal Eugenio Salles seria o herdeiro da honraria.
Como a academia não tem cadeiras cativas para corporações,
um dos conhecedores de sua etiqueta teme que o tradicionalismo
estimule duas outras candidaturas
saídas do clero: o ex-franciscano
Leonardo Boff ou frei Betto.
No voto, as chances de ambos seriam nulas, mas na bibliografia, cada um deles já publicou dezenas de
livros, alguns de grande valor.
ALOPRADOS
Há aloprados no entorno do planejamento político do governo de Dilma
Rousseff. Três dias depois de sua eleição, a doutora perfilhou uma proposta de aumento da carga tributária,
com a ressurreição da CPMF.
Passou-se uma semana e acrescentaram um novo item ao programa da
doutora: o aumento do próprio salário.
MADAME NATASHA
Madame Natasha adora acrobacia verbais da malandragem e concedeu uma de suas bolsas de estudos
aos doutores que explodiram o banco
PanAmericano. Descoberto um buraco de R$ 2,5 bilhões no banco, a turma do PanAmericano informou que
"inconsistências contábeis não permitem que as demonstrações financeiras reflitam a real situação patrimonial da entidade". Não quiseram
dizer que o ervanário sumiu.
EUA HUMILHADOS
A truculência e o mau humor dos
funcionários da segurança aérea e da
imigração dos Estados Unidos cobraram seu preço. A SkyTrax, empresa
que avalia a qualidade dos serviços
de 165 aeroportos, colocou os americanos numa situação humilhante. No
item da qualidade de atendimento
pelos serviços de segurança, só o de
São Francisco entrou num ranking de
165 aeroportos, em 38º lugar.
O melhor do mundo é o de Beijing.
Entre os 10 mais amigáveis, 8 estão
na Ásia e 2, na Europa. Os brasileiros
não foram avaliados.
COSTURA
O governador eleito Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito de São Paulo,
Gilberto Kassab (DEM), sonham com
uma fusão dos dois partidos.
Como nem os doidos acham que o
DEM quer levar o PMDB para a oposição federal, resta só uma possibilidade, a turma do ex-PFL, ex-PDS, ex-Arena, quer mais uma vez mudar de
nome para entrar no governo.
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