São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tuma Jr. retorna das férias e acaba demitido do cargo

Ministro da Justiça diz que ex-secretário agora poderá se defender melhor

Tuma Jr. afirma que estava "incomodando muita gente" e que há componentes políticos em seu afastamento

Alan Marques/Folhapress
Romeu Tuma Jr., que foi exonerado ontem do cargo de secretário nacional de Justiça, em seu gabinete, em Brasília

LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA

Dizendo-se vítima do "crime organizado" e da "covardia política", Romeu Tuma Jr. foi demitido ontem da Secretaria Nacional de Justiça após voltar dos 30 dias de férias que tirou para rebater a acusação de envolvimento com Li Kwok Kwen, o Paulo Li, preso por contrabando.
O ministro Luiz Paulo Barreto (Justiça) disse que, fora do cargo, ele "poderá melhor promover sua defesa".
"Estou amargurado porque sou secretário nacional de Justiça e estou sendo vítima de uma monstruosa injustiça... Estou sendo vítima do crime organizado, da mesma máfia que combato há 30 anos", afirmou: "Estou incomodando muita gente".
Tuma Jr. disse não ter dúvidas de que há "componentes políticos" na sua saída. A colegas ele culpou o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, pela "fritura" de que foi vítima, já que a polícia demorou oito meses para decidir se ele seria investigado.
Atribuiu sua queda a seus êxitos, como congelar US$ 3 bilhões no exterior, em casos como o de Daniel Dantas. Corrêa não se manifestou.
Em 11 de maio, Tuma Jr. se licenciou do cargo para se defender das acusações de ligação com a máfia chinesa e de ajudar seu amigo Paulo Li, detido desde setembro, a regularizar a situação de chineses no país. Só no mês passado foi aberto um inquérito contra Tuma Jr., que nega as acusações.

SEM ORDEM JUDICIAL
A operação sigilosa realizada pela PF na cúpula do Ministério da Justiça para obter a cópia dos discos rígidos de dois computadores, entre eles o usado pelo então secretário Tuma Jr., foi realizada sem autorização judicial. Agentes da PF fizeram a cópia com a autorização do ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, chefe hierárquico da polícia, sob a justificativa de que os computadores são de propriedade do próprio ministério.
Procurados pela reportagem, PF e Ministério da Justiça consideraram o ato legal. A operação já está sendo contestada na Justiça.

Colaborou MARIO CESAR CARVALHO, de São Paulo


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: PF fez "tortura psicológica", diz ex-secretário
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.