|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Axé e baião dão o tom do início da campanha
Marqueteiros apostam em ritmos nordestinos para promover Serra, Dilma e Marina
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
Eles acabaram de sair do
estúdio e serão repetidos à
exaustão, até grudar como
chiclete no seu ouvido.
Apresentados nas convenções partidárias, os primeiros jingles da corrida presidencial dispensam intérpretes famosos e apostam no axé
e no baião -embora os três
principais candidatos não tenham nascido no Nordeste.
As músicas martelam a
imagem que os marqueteiros
querem colar a seus clientes:
José Serra (PSDB) é "o mais
preparado", Dilma Rousseff
(PT), a escolhida de Lula; e
Marina Silva (PV), a "guerreira" que enfrenta poderosos e
defende a natureza.
Em ritmo de trio elétrico, o
jingle tucano investe na comparação de currículos. Serra
é vendido como o "mais competente", que "faz" e "sabe
como avançar mais".
"É hora de apresentar
quem é quem, e o maior atributo dele é a sua biografia",
diz PC Bernardes, que compôs a música com o publicitário Luiz Gonzalez.
Assinada pela equipe de
João Santana, a música de
Dilma reforça sua ligação
umbilical com Lula. O nome
do presidente é citado cinco
vezes, apenas uma a menos
que o da candidata.
"Lula tá com ela / Eu também tô", repete o refrão, testado com 30 grupos de eleitores antes de ser lançado anteontem, na festa do PT.
Em tempo de Copa do
Mundo, o publicitário Paulo
de Tarso Santos e o músico
Jean Garfunkel tentam impulsionar Marina com um refrão que lembra os gritos de
arquibancada: "Eu sou brasileiro, eu sou marineiro".
A letra diz que a senadora
é "morena como a pele do
Brasil" e exalta "matas, mares e rios", símbolos do discurso ambiental que virou
sua marca registrada.
Enquanto petistas e tucanos falam em "jingles de arrancada", para ser usados
apenas no início da disputa,
os verdes admitem não mudar o disco até outubro.
"Nossa campanha terá
pouco tempo de TV. Se ficar
trocando de jingle, o eleitor
pode não gravar nenhum",
justifica Paulo de Tarso, inventor do "Lula-lá", de 1989.
Na usina de bordões musicais, nem tudo se cria do zero. O refrão tucano, "Eu quero Serra", lembra o "Quero-quero José Serra" cantado
por Elba Ramalho na campanha derrotada de 2002.
Autor de trilhas vitoriosas
como o "Levante a mão", que
embalou a eleição de Fernando Henrique em 1994, Bernardes jura que a coincidência não foi proposital.
"Temos que ser no mínimo
supersticiosos. Se ele ainda
tivesse ganho, né..."
Colaborou ANA FLOR, de São Paulo
Texto Anterior: Por mulheres, campanha do PT troca vermelho por lilás Próximo Texto: Presidente 40/Eleições 2010: Dilma se defende e diz que não foge de debates Índice
|