São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2010

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Axé e baião dão o tom do início da campanha

Marqueteiros apostam em ritmos nordestinos para promover Serra, Dilma e Marina

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

Eles acabaram de sair do estúdio e serão repetidos à exaustão, até grudar como chiclete no seu ouvido.
Apresentados nas convenções partidárias, os primeiros jingles da corrida presidencial dispensam intérpretes famosos e apostam no axé e no baião -embora os três principais candidatos não tenham nascido no Nordeste.
As músicas martelam a imagem que os marqueteiros querem colar a seus clientes: José Serra (PSDB) é "o mais preparado", Dilma Rousseff (PT), a escolhida de Lula; e Marina Silva (PV), a "guerreira" que enfrenta poderosos e defende a natureza.
Em ritmo de trio elétrico, o jingle tucano investe na comparação de currículos. Serra é vendido como o "mais competente", que "faz" e "sabe como avançar mais".
"É hora de apresentar quem é quem, e o maior atributo dele é a sua biografia", diz PC Bernardes, que compôs a música com o publicitário Luiz Gonzalez.
Assinada pela equipe de João Santana, a música de Dilma reforça sua ligação umbilical com Lula. O nome do presidente é citado cinco vezes, apenas uma a menos que o da candidata.
"Lula tá com ela / Eu também tô", repete o refrão, testado com 30 grupos de eleitores antes de ser lançado anteontem, na festa do PT.
Em tempo de Copa do Mundo, o publicitário Paulo de Tarso Santos e o músico Jean Garfunkel tentam impulsionar Marina com um refrão que lembra os gritos de arquibancada: "Eu sou brasileiro, eu sou marineiro".
A letra diz que a senadora é "morena como a pele do Brasil" e exalta "matas, mares e rios", símbolos do discurso ambiental que virou sua marca registrada.
Enquanto petistas e tucanos falam em "jingles de arrancada", para ser usados apenas no início da disputa, os verdes admitem não mudar o disco até outubro.
"Nossa campanha terá pouco tempo de TV. Se ficar trocando de jingle, o eleitor pode não gravar nenhum", justifica Paulo de Tarso, inventor do "Lula-lá", de 1989.
Na usina de bordões musicais, nem tudo se cria do zero. O refrão tucano, "Eu quero Serra", lembra o "Quero-quero José Serra" cantado por Elba Ramalho na campanha derrotada de 2002.
Autor de trilhas vitoriosas como o "Levante a mão", que embalou a eleição de Fernando Henrique em 1994, Bernardes jura que a coincidência não foi proposital.
"Temos que ser no mínimo supersticiosos. Se ele ainda tivesse ganho, né..."

Colaborou ANA FLOR, de São Paulo


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