São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2010

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FOCO

Candidato a deputado, Protógenes diz guardar R$ 284 mil dentro de casa

Por medo da "máfia", delegado que prendeu banqueiro Daniel Dantas afirma que tem dinheiro desde 2000 "por segurança"

BRENO COSTA
DE SÃO PAULO

Responsável pela prisão de figuras como o banqueiro Daniel Dantas, o contrabandista Law Kin Chong e o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz não tem coragem de deixar seu dinheiro em banco.
Afastado da Polícia Federal desde o ano passado, Protógenes agora é candidato a deputado federal pelo PC do B em São Paulo. Na sua declaração de bens à Justiça Eleitoral, o delegado declara ter R$ 284 mil em dinheiro vivo em casa, "por segurança".
"A máfia, as organizações criminosas, tentam clonar cheques. Faço isso [deixar dinheiro em casa] desde 2000. O salário entra, eu retiro e deixo em casa. Sob o ponto de vista legal, não tem problema", disse.
Ainda que por razões diferentes, Protógenes segue o exemplo de políticos como a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, que declarou ter R$ 113 mil em espécie, e do senador Orestes Quércia (PMDB-SP), que tem em casa R$ 1,28 milhão.
Os maços de dinheiro que Protógenes guarda em casa representam 34% do patrimônio total declarado pelo candidato: R$ 834,5 mil, distribuídos entre duas casas em Niterói (RJ) e São Gonçalo (RJ) e apartamentos em Brasília, Rio de Janeiro, Guarujá (SP) e Foz do Iguaçu (PR).
Questionado pela Folha se se considerava um homem rico, Protógenes disse que tem "patrimônio de quem trabalha honestamente". Segundo ele, seu salário é de cerca de R$ 14 mil.
O delegado é réu em processo na Justiça Federal de São Paulo, acusado de crime de vazamento de informação sigilosa e fraude processual no curso da Operação Satiagraha, deflagrada em julho de 2008 e que resultou na prisão de Daniel Dantas.
Desde a operação, Protógenes virou alvo de 12 procedimentos movidos pela PF, entre inquéritos, processos administrativos e sindicâncias. Seu afastamento, ocorrido em abril de 2009, foi motivado pelo suposto uso de seu cargo ao participar de um comício em Minas Gerais.


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