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Artimanha eleitoral
Na hora de apresentar seus antecedentes à Justiça, candidatos enchem o site do TSE com dados desnecessários, como boletins escolares, e omitem certidões exigidas para comprovar que têm a ficha limpa
DE SÃO PAULO
No terceiro ano do ensino
fundamental, Antônio Neres
Gouveia, o "Tijolinho", teve
queda nas suas notas de história de 7,5 para 6,5.
A relevância dessa informação para o eleitor não fica
clara, mas o boletim escolar
do candidato ao governo do
Acre pelo PRTB pode ser conferido no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O eleitor que quiser saber o
passado criminal de seus
candidatos passará por uma
via crucis.
O portal do TSE deveria facilitar o acesso a essas informações. Porém, o que se verifica lá é que candidatos omitiram documentos obrigatórios e entregaram uma grande quantidade de dados desnecessários, como o boletim
de "Tijolinho".
O candidato acriano só
apresentou duas das seis certidões criminais necessárias
para registrar a candidatura.
Em compensação, no espaço
destinado a esses documentos, constam outros 37.
Nesse e em outros casos, a
desorganização dos documentos torna quase impossível ao eleitor buscar informações sobre o seu candidato.
Já Ricardo Machado, que
pretende governar o Distrito
Federal pelo PCO, entregou
só três das declarações exigidas. Junto com elas, enviou
uma carta de próprio punho
em que afirma ser graduado
em ciências contábeis pela
Faculdade Michelangelo.
CURSO A DISTÂNCIA
Quem procurar os antecedentes criminais de Gilmar
Salgado (PSTU), concorrente
a governador de Santa Catarina, poderá descobrir as notas que ele obteve em seu
curso a distância de gestão
ambiental do Centro Universitário Leonardo da Vinci
(Uniasselvi). Por dois anos de
curso, pagou R$ 5.225,96, informou ele à Justiça.
Rubens Exator (PT do B)
não foi preciso ao pedir sua
certidão criminal ao Estado
sergipano, pelo qual deseja
ser deputado estadual. Em
vez de Rubens Oliveira Bastos, seu nome de batismo, o
documento cita Rubens "Oliveria" Bastos. Com a mudança, nada consta em sua ficha.
O candidato foi condenado por homicídio em segunda instância e, por isso, corre
o risco de ser barrado pela Lei
da Ficha Limpa.
Também em Sergipe, Henrique do Grupo Mexa-se (codinome eleitoral de Francisco Henrique de Aragão), que
almeja o posto de governador, enviou certidão cível
(não exigida) em vez de criminal. A diferença de formato entre as duas é pequena e
pode confundir o eleitor.
OUTRO LADO
A assessoria de "Tijolinho" disse que o envio do boletim escolar pode ser resultado de um "erro" de um funcionário da campanha na hora de preencher os dados no
sistema do TRE local.
Gilmar Salgado afirmou
que enviou seu histórico escolar por não ter diploma para comprovar escolaridade
-documento não exigido.
A certidão criminal de
Henrique de Aragão, segundo seu partido, será encaminhada ao TSE até sexta-feira.
A Folha entrou em contato
com o PT do B, mas Rubens
Exator não foi encontrado.
(ALINE PELLEGRINI, ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, ELTON BEZERRA E MARCOS DE VASCONCELLOS)
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