São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2010

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Artimanha eleitoral

Na hora de apresentar seus antecedentes à Justiça, candidatos enchem o site do TSE com dados desnecessários, como boletins escolares, e omitem certidões exigidas para comprovar que têm a ficha limpa

DE SÃO PAULO

No terceiro ano do ensino fundamental, Antônio Neres Gouveia, o "Tijolinho", teve queda nas suas notas de história de 7,5 para 6,5.
A relevância dessa informação para o eleitor não fica clara, mas o boletim escolar do candidato ao governo do Acre pelo PRTB pode ser conferido no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O eleitor que quiser saber o passado criminal de seus candidatos passará por uma via crucis.
O portal do TSE deveria facilitar o acesso a essas informações. Porém, o que se verifica lá é que candidatos omitiram documentos obrigatórios e entregaram uma grande quantidade de dados desnecessários, como o boletim de "Tijolinho".
O candidato acriano só apresentou duas das seis certidões criminais necessárias para registrar a candidatura. Em compensação, no espaço destinado a esses documentos, constam outros 37.
Nesse e em outros casos, a desorganização dos documentos torna quase impossível ao eleitor buscar informações sobre o seu candidato.
Já Ricardo Machado, que pretende governar o Distrito Federal pelo PCO, entregou só três das declarações exigidas. Junto com elas, enviou uma carta de próprio punho em que afirma ser graduado em ciências contábeis pela Faculdade Michelangelo.

CURSO A DISTÂNCIA
Quem procurar os antecedentes criminais de Gilmar Salgado (PSTU), concorrente a governador de Santa Catarina, poderá descobrir as notas que ele obteve em seu curso a distância de gestão ambiental do Centro Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi). Por dois anos de curso, pagou R$ 5.225,96, informou ele à Justiça.
Rubens Exator (PT do B) não foi preciso ao pedir sua certidão criminal ao Estado sergipano, pelo qual deseja ser deputado estadual. Em vez de Rubens Oliveira Bastos, seu nome de batismo, o documento cita Rubens "Oliveria" Bastos. Com a mudança, nada consta em sua ficha.
O candidato foi condenado por homicídio em segunda instância e, por isso, corre o risco de ser barrado pela Lei da Ficha Limpa.
Também em Sergipe, Henrique do Grupo Mexa-se (codinome eleitoral de Francisco Henrique de Aragão), que almeja o posto de governador, enviou certidão cível (não exigida) em vez de criminal. A diferença de formato entre as duas é pequena e pode confundir o eleitor.

OUTRO LADO
A assessoria de "Tijolinho" disse que o envio do boletim escolar pode ser resultado de um "erro" de um funcionário da campanha na hora de preencher os dados no sistema do TRE local.
Gilmar Salgado afirmou que enviou seu histórico escolar por não ter diploma para comprovar escolaridade -documento não exigido.
A certidão criminal de Henrique de Aragão, segundo seu partido, será encaminhada ao TSE até sexta-feira.
A Folha entrou em contato com o PT do B, mas Rubens Exator não foi encontrado. (ALINE PELLEGRINI, ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, ELTON BEZERRA E MARCOS DE VASCONCELLOS)


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