São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2010

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MTA pede autorização para ampliar voos

Companhia é investigada pela PF por suposto envolvimento em lobby na Casa Civil

MATHEUS LEITÃO
FERNANDA ODILLA

DE BRASÍLIA

A empresa aérea MTA pediu autorização para fazer 30 voos charters (não regulares) para transporte de carga para Miami (EUA) nos próximos três meses, apesar de não operar desde o dia 29 de setembro para os Correios.
A informação foi confirmada à Folha pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) na tarde de ontem.
O pedido foi feito na terça-feira, mas a autorização ainda depende de resposta da agência de aviação norte-americana. Os novos voos foram solicitados mesmo com as rotas regulares para Miami, aos sábados e domingos, que a MTA já tem.
Investigada pela PF, a MTA é uma das empresas que teriam usado o esquema de lobby na Casa Civil.
A companhia obteve contratos com os Correios após contato com a empresa dos filhos da ex-ministra Erenice Guerra, que perdeu o cargo após as revelações.
Os voos charters da MTA para Miami permitem voar sem prazo de volta para o Brasil. "Uma vez que o avião sai do território nacional, que garantia temos que ele volta?", disse o advogado Douglas Silva Telles à Folha.
Ele pretende ingressar na Justiça para impedir a saída do Brasil dos aviões (três DC-10 e um Airbus). O advogado prestou serviços à companhia e agora teme não receber seus honorários.
A polícia investiga se os donos da MTA são laranjas do argentino Alfonso Rey, que vive em Miami (EUA). A legislação brasileira impede que estrangeiros controlem empresas aéreas.
O advogado da MTA, Marcos Pagliaro, nega que a empresa pretenda retirar aviões do país para não quitar dívidas e multas. Pagliaro confirmou que a MTA enfrenta dificuldade financeira para cumprir os contratos com os Correios, mas pretende retornar as atividades no setor privado, o que justificaria o pedido dos voos charters.
Três funcionários da MTA, que pediram anonimato, disseram ontem que ao menos 12 empregados foram demitidos neste mês porque a empresa desistiu de comprar nova avião que transportaria cargas para o Nordeste.
Por ter deixado de operar para os Correios, a MTA já foi multada em R$ 727.981,01. A estatal abriu em 8 de outubro um processo de rescisão do contrato com a MTA, que tem dez dias para apresentar sua defesa. O contrato engloba as linhas Guarulhos-Salvador e Guarulhos-Recife.
O governo editou ontem medida provisória para prorrogar até 11 de junho de 2011 o processo de licitação das agências franqueadas dos Correios. Cerca de 1.200 agências foram distribuídas politicamente nos últimos 20 anos. O governo diz que não houve tempo para a licitação.


Colaboraram ANDREZA MATAIS e LEILA COIMBRA, de Brasília, e MAURÍCIO SIMIONATO, de Campinas


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