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Viúvas de mortos no Haiti vão à Justiça contra seguradoras
Famílias pedem seguro em dobro e indenização por danos morais e contestam Exército sobre certidões de óbito
Empresas responsáveis por pagamentos dizem que ainda não foram notificadas e que não se manifestarão a respeito
HUDSON CORRÊA
DO RIO
Três viúvas de militares
brasileiros mortos em janeiro
durante terremoto no Haiti
entraram com ação na Justiça Federal para corrigir certidões de óbitos e conseguir indenização da Poupex e da
Bradesco Vida e Previdência,
responsáveis pelas apólices
de seguro de vida.
As famílias pedem pagamento do seguro em dobro
sob argumento de que os oficiais (dois generais de brigada e um tenente-coronel) foram vítimas de morte acidental a serviço do Exército.
Também querem indenização por danos morais. O valor mínimo reivindicado é de
R$ 800 mil.
Na ação, as viúvas reclamam ainda que não receberam a indenização do governo brasileiro, no valor de
R$ 500 mil para cada.
Associação privada gerida
pela Fundação Habitacional
do Exército, a Poupex, que
contratou como seguradora
líder a Bradesco, diz que o seguro não cobre terremotos.
Apesar disso, argumenta a
Poupex, houve pagamento
em "caráter excepcional",
mas não em dobro, como as
famílias reivindicavam.
Na ação, as viúvas pedem
indenização por danos morais alegando que foram
ofendidas pela Poupex, que,
segundo elas, "tentou dizer
que o valor pago era apenas
um agrado".
"A questão não é receber
em dobro, e sim receber o justo", afirmou Cely Zanin, viúva do general João Eliseu
Souza Zanin. No total, 18 militares brasileiros morreram.
Nas certidões de óbito de
Zanin e do tenente-coronel
Francisco Adolfo Vianna
Martins Filho, consta que
morreram em "via pública",
mas eles estavam no hotel
Cristopher, quartel da missão da ONU no Haiti, segundo o advogado João Batista
de Almeida.
A ação judicial visa corrigir o dado, pois a declaração
"de um preposto do Exército" de que os dois militares
morreram na rua "sugere a
tentativa de afastar o local da
morte do quartel-general da
missão da ONU, provavelmente para, em outro momento, dizer-se que não estavam em serviço".
Também figura na ação o
general Emílio Carlos Torres
Santos. Na certidão dele, porém, há apenas a informação
de que morreu em Porto Príncipe, disse o advogado.
O Exército afirmou que
providenciou as certidões de
óbito com a intenção de liberar rapidamente os corpos
para as famílias e que não
houve reclamação à época
sobre o teor dos documentos.
Ainda conforme o Exército,
nenhuma morte ocorreu em
"via pública".
"A Bradesco Vida e Previdência, por não ter sido notificada [da ação], não se manifestará a respeito", informou a seguradora. O mesmo
disse a Poupex.
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