São Paulo, quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

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Senadora sabia que assessora dirigia ONG

Serys, que agora se diz traída por servidora, afirmou à Folha em abril que defendia relação de funcionária com entidade

Instituto é beneficiado por emendas de aliados políticos e já recebeuR$ 1,05 mi em 2010; assessora foi exonerada

DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA

A relatora do Orçamento de 2011, senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), sabia há pelo menos oito meses que a sua assessora, Liane Muhlenberg, é diretora de uma ONG que recebia recursos de emendas de aliados políticos.
Anteontem a senadora disse em entrevista que desconhecia a atividade de Liane.
No início de abril, a Folha questionou a senadora sobre a atividade de Liane no comando do Ipam (Instituto de Pesquisa e Ação Modular), relatando inclusive que ela havia se beneficiado de emendas ao Orçamento de outros parlamentares.
Em reposta, à época, Serys defendeu a legalidade das ações da assessora. "Busquei as informações e vimos que é tudo [os eventos feitos pela ONG] regular. E que ela pode ser comissionada e participante da organização."
Anteontem, porém, ao informar que havia demitido Liane após a divulgação de que ela havia se beneficiado de emendas, Serys se disse "traída". "Eu desconhecia que ela tivesse qualquer relação com qualquer instituto. Nunca fiz emenda para qualquer instituto e muito menos para este."
Em abril, a Folha conversou também com assessores da senadora e com a própria Liane, que defendeu sua atividade sob o argumento de que era uma produtora com 13 anos de experiência e de que não se beneficiava de emendas da senadora.
Serys é a terceira a assumir a função de relatora do Orçamento nas últimas semanas. Antes, Gim Argello (PTB-DF) renunciou sob acusação de que direcionou verbas para institutos fantasmas ou de aliados. Ideli Salvatti (PT-SC) não assumiu na prática, pois foi oficializada como ministra do governo Dilma.

TURISMO
Entre 2007 e 2009, emendas dos deputados Jilmar Tatto (PT-SP) e Rodrigo Rolemberg (PSB-DF) permitiram que o Ipam realizasse os eventos Brasília MultiSports, Sonho e Visão de Dom Bosco e Fioflora Expogarden, no valor de R$ 894 mil.
Em 2010, o instituto foi beneficiado por novas emendas e tem R$ 1,6 milhão em empenhos [dinheiro reservado no Orçamento]. Do total, R$ 1,05 milhão já foi pago.
Quando falou com Serys, o jornal apurava reportagem publicada em 19 de abril mostrando que entre as 50 ONGs que mais receberam dinheiro do Ministério do Turismo para organizar festas entre 2007 e 2009, pelo menos 26 tinham relação com algum político ou partido.
Em nove casos, o parlamentar fez emendas para entidades dirigidas por pessoas que o assessoram, participaram ou doaram recursos a suas campanhas.
Serys não foi citada na reportagem porque as emendas para a ONG de Liane não foram feitas pela senadora.


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