São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011 |
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ANÁLISE Kassab faz aposta cheia de riscos e sai do partido com a imagem desgastada DESAFIO SERÁ VIABILIZAR SIGLA E MOSTRAR LIDERANÇA LONGE DAS ASAS DE JOSÉ SERRA VERA MAGALHÃES DE SÃO PAULO Político sempre citado pela habilidade e pela cautela com que se move nos bastidores, Gilberto Kassab deu um salto sem rede de proteção ao se lançar na epopeia da criação de um partido. A médio prazo, o prefeito de São Paulo espera tirar o passaporte para o protagonismo político e para uma campanha para o governo de São Paulo em 2014. Mas, no plano imediato, a adesão a seu projeto não foi o arrastão que ele esperava provocar. Kassab tentará vender a tese de que muitos que não deixaram o DEM no primeiro momento o farão em seguida, quando o PDB sair do papel. Pode ser verdade, em parte, mas o fato é que outros aproveitarão a brecha para tentar também fazer carreira solo, longe do prefeito. Além disso, a insegurança jurídica que cerca a nova legenda e certo descontentamento com seu posterior acoplamento ao "socialista" PSB -e à base de Dilma Rousseff- contribuíram para fazer refluir a dissidência. Kassab terá o duplo desafio de viabilizar seu novo partido e mostrar que tem luz própria, para além da asa de José Serra, sob a qual deixou de ser um deputado de pequena expressão do PFL e venceu a eleição para a principal prefeitura do país, contra os pesos-pesados Marta Suplicy e Geraldo Alckmin. Não é uma tarefa fácil. A sem-cerimônia com que dedicou os últimos meses à articulação política desgastou a imagem de gerente que sempre procurou cultivar. Sai do episódio como patrono do "partido-ônibus", no qual políticos insatisfeitos de diferentes matizes ideológicos farão baldeação rumo a novos destinos. A outra parte envolvida no divórcio selado ontem, o DEM, tentará segurar em suas hostes um número de parlamentares e governantes suficiente para não se desmantelar e conservar algum poder na aliança com o PSDB, à qual está atrelado. O herdeiro imediato do espólio é Aécio Neves, de cujo projeto presidencial a ala que venceu no partido é sócia. Antes de chegar a 2014, porém, o partido -devolvido à velha guarda e ao ideário liberal que renegou há quatro anos- terá de conter a segunda onda de defecções, que Kassab vai estimular. Texto Anterior: Novo comando assume o DEM, mas crise continua Próximo Texto: Raio-X: José Agripino Maia Índice | Comunicar Erros |
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