São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

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Novo comando assume o DEM, mas crise continua

Ausente, Kassab não foi citado em discursos de convenção que elegeu Agripino

"O filiado com mais votos, prefeito de SP, fala em sair. A hora é de estancar a hemorragia", afirma Alceni Guerra

Lula Marques/Folhapress
O ex-presidente do DEM Rodrigo Maia chora durante convenção que elegeu Agripino Maia (dir.) para comandar o partido

RANIER BRAGON
GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA

Em processo de encolhimento nos últimos anos e rachado por uma disputa entre seus líderes, o DEM oficializou ontem a troca de seu comando, mas a aprovação do nome de José Agripino Maia (RN) está longe de pôr fim à crise no partido.
Derrotado na disputa interna, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, não compareceu à solenidade, não teve o nome citado nos discursos e deve deixar a legenda.
Em menos de 10 minutos após o início da convenção, Agripino foi eleito por aclamação para substituir Rodrigo Maia (RJ), filho do ex-prefeito do Rio Cesar Maia, até setembro, quando haverá nova eleição. Toda a reunião durou exatos 59 minutos.
Alceni Guerra resumiu o clima: "Dois sintomas mostram o tamanho da crise: de um lado, fundadores insatisfeitos. De outro, o filiado com mais votos, que é o prefeito de São Paulo, falando em sair. A hora é de tentar estancar a hemorragia".
Kassab e o ex-presidente da legenda Jorge Bornhausen (SC) foram derrotados na tentativa de tomar o comando. Apesar de conseguirem tirar Rodrigo Maia da presidência, não tiveram sucesso em emplacar Marco Maciel.
Prevaleceu Agripino, hoje alinhado ao grupo de Maia, que inclui, entre outros, o deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (BA).
Embora derrotado, Bornhausen negou intenção de sair. "Não estou em idade de sair, estou em idade de pendurar as chuteiras", disse ele, que tem 74 anos.
Em sua fala, Agripino se disse um conciliador, rejeitou a "pecha de direita" e criticou o governo. Também mandou recados a Kassab, sem citá-lo, dizendo que o DEM é oposição e não pode abrigar interesses pessoais.
Agripino assumiu com o objetivo de tentar reduzir ao máximo a debandada que a saída de Kassab pode causar -o prefeito pretende montar uma nova legenda, o PDB. "Se sair do partido, a Executiva tomará as medidas que a lei recomenda", disse.
Alguns que avaliavam sair na esteira de Kassab, como Rodrigo Garcia (SP), Kátia Abreu (GO) e Indio da Costa (RJ), já deram sinais em sentido contrário.
Dois aliados de Kassab foram substituídos na Executiva: Cláudio Cajado (BA) e André de Paula (PE) deram lugar a Guilherme Campos (SP) e Walter Ihoshi (SP).
Com representação no Congresso em queda desde que o aliado PSDB perdeu o governo para o PT (2002), a sigla (até 2007, se chamava PFL) sofreu abalo em 2009 e 2010, quando o mensalão do DEM abateu o governador José Roberto Arruda (DF).
"A eleição de Agripino sinaliza e reafirma nossa decisão, tomada em 2002, de ser oposição", disse Rodrigo Maia. "Precisamos ter um rumo, uma direção. Não somos de esquerda, não somos de ultradireita, não somos governo", falou Demóstenes Torres (GO).


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