São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 2011

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Servidora do Senado colhe assinaturas para o PSD

Assessora do gabinete de Kátia Abreu coletou listas de apoio em Tocantins

Eleitores dizem que apoiaram o partido em troca de cestas básicas, mas senadora nega ter cometido ilegalidade

DANIELA LIMA

ENVIADA ESPECIAL A JAÚ DO TOCANTINS

Dois funcionários do gabinete da senadora Kátia Abreu participaram da coleta de assinaturas de eleitores de Tocantins para listas de apoio à criação do PSD, o partido lançado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Eleitores que apoiaram as listas disseram à Folha que o fizeram em troca de cestas básicas e dinheiro para remédios. De acordo com esses relatos, os benefícios foram prometidos por aliados da ex-prefeita de Jaú dos Tocantins Eurídice Araújo, funcionária do gabinete da senadora.
Eurídice admitiu ter organizado a coleta de nomes, mas negou ter prometido benefícios aos eleitores. "Aqui ninguém precisa de cesta para apoiar Kátia Abreu", disse. "Não precisei nem bater de porta em porta para pedir."
Ela coletou cerca de 200 assinaturas e enviou as listas para outro funcionário da senadora, Paulo Lima, que trabalha em Palmas. "Mandei 200 porque só me pediram 200", contou. "Se tivessem pedido mil, eu mandava mil."
Eurídice foi contratada em junho como assistente parlamentar pelo gabinete de Kátia Abreu, uma das fundadoras do novo partido. Ela foi três vezes prefeita de Jaú do Tocantins, que tem 3.500 habitantes e fica a 475 km de Palmas, a capital do Estado.
A criação do PSD está sendo analisada pela Justiça Eleitoral. Apesar de indícios de irregularidades na coleta de assinaturas, as listas foram aprovadas em vários Estados, mas o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ainda não examinou toda a documentação.
O jornal "O Estado de S. Paulo" revelou ontem que eleitores de São Salvador (TO) disseram ter apoiado o PSD em troca de cestas básicas. Os relatos colhidos pela Folha indicam que o expediente também foi empregado em outros lugares do Estado.
"Assinei, mas não sabia de partido nenhum", disse a vendedora Silvana Soares de Souza. "Disseram que era para receber uma cesta que a Eurídice conseguiu do Estado e dinheiro para os remédios que meu marido toma."
A dona de casa Silvanete Alves Teixeira, que também aparece na lista de apoiadores enviada à Justiça Eleitoral, disse desconhecer o partido. "Aqui, quando alguém aparece prometendo ajuda, todo mundo quer", afirmou.
Embora receba salário do Senado, a ex-prefeita Eurídice não é obrigada a bater o ponto em Brasília. Ela foi contratada para trabalhar no escritório político mantido pela senadora Kátia Abreu em Palmas. Ontem, no entanto, ela passou o dia em sua chácara em Jaú do Tocantins.


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